Atenção, jornalistas: enfim, uma pergunta coerente
"Além de reconfirmar o grau de boçalidade e desequilíbrio do presidente mais boçal e desequilibrado da história da República, qual a utilidade de enviar jornalistas para serem humilhados dia sim e o outro também? Houve alguma vez uma única resposta séria, que merecesse nem que fosse um respingo de credibilidade?", questiona o jornalista Eric Nepomuceno
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Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia
Um dia depois da boçalidade olímpica feita para humilhar de novo os repórteres que ele humilha todas as manhãs, finalmente Jair Messias fez uma pergunta coerente.
Dirigindo-se com a grosseria sem remédio aos jornalistas, ele disparou à queima-roupa: “Se vocês sofrem ataque todo dia, o que vocês estão fazendo aqui? O espaço é público, mas o que vocês estão fazendo aqui?”.
O ‘aqui’ em questão é o cercadinho onde todas as manhãs os repórteres são confinados à espera da dádiva da palavra presidencial. Não por acaso, justo ao lado fica outro cercadinho, onde se amontoam os arrebanhados sabe-se lá a troco de quê, todos embasbacados com Jair Messias.
No dia da pergunta perfeita, no cercadinho dos arrebanhados havia pouco mais de meia dúzia de admiradores apatetados.
A razão para considerar coerente e perfeita a pergunta de Jair Messias é simples e óbvia: além de reconfirmar o grau de boçalidade e desequilíbrio do presidente mais boçal e desequilibrado da história da República, qual a utilidade de enviar jornalistas para serem humilhados dia sim e o outro também? Houve alguma vez uma única resposta séria, que merecesse nem que fosse um respingo de credibilidade?
É evidente que esses esbarrões humilhantes são a única forma de contato com o presidente e tentar – em vão, é verdade, mas única forma – obter declarações formais dele sobre algum assunto.
Antes, havia aquele general empijamado e empertigado que fazia o triste papel de porta-voz presidencial.
Como sua utilidade revelou-se comparável à de uma geladeira no Polo Norte, só restou aos meios de comunicação a paradinha diária de Jair Messias na portaria do Palácio da Alvorada.
Estou afastado do cotidiano das redações brasileiras há uns trinta e tantos anos. Talvez por isso não consiga entender a razão de algum chefe de reportagem submeter seus subordinados a essa rotina de humilhações e ofensas disparadas por alguém cujo desequilíbrio é mais do que evidente e, ao mesmo tempo, entender a razão que leva os plantonistas palacianos a aceitar se submeter a tamanho absurdo a troco rigorosamente de nada.
Agora que Jair Messias enfim fez uma pergunta lúcida, o que responder?
A única resposta íntegra e coerente, creio eu, seria amanhã ele aparecer na portaria da residência presidencial e topar apenas com os arrebanhados da vez e com os jornalistas que trabalham para meios estatais.
Senão, o que os grandes meios hegemônicos de comunicação – a quem gente como Jair Messias e Sérgio Moro deve o fato de estar onde está – vão continuar fazendo é apenas fornecer material a ser espalhado entre os seguidores abduzidos e obcecados do boçal que todo santo dia deposita as ancas na poltrona presidencial.
E enquanto todo mundo se distrai, ele e seus asseclas continuam a destroçar o que resta deste país desgraçado.
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