Até a vitória
Em termos de democracia, de fato, estamos a quilômetros de distância de um ideal, desde a queda de Dilma Rousseff
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Na Argentina, com a presença do Presidente Alberto Fernández e da vice Cristina Kirchner, comemorou-se o “Dia da Democracia”. Lá coincidiu com o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Nomes de prestígio internacional, como José Mojica e Adolfo Perez Esquivel, e de representantes das mães da Plaza de Mayo, receberam, dentre outros, por sua atuação contra a barbárie ditatorial, o prêmio ‘Azucena Villaflor’. Lula, pelo Brasil, também vítima da crueldade fascista do governo militar, foi agraciado com uma placa comemorativa.
Tratava-se de uma homenagem à civilização, a destacar e guardar na memória, uma vez que oferece relevo a uma necessidade da época: a de firmar valores contra o autoritarismo e as tentações golpistas. É uma história de importância de Norte a Sul do Continente. Valores da democracia não caem do céu. Resultam de graves experiências no debate político, em choques que, mesmo na Europa, custaram a se firmar e só se fortaleceram depois dos terrores do nazifascismo. Nesse sentido, as festividades ultrapassam as fronteiras da Argentina e se derramam pelos vizinhos, sem poupar o Brasil, ainda hoje às voltas com tentações do extremismo de direita para o fechamento do regime. Não espanta que o Dia Internacional dos Direitos Humanos não tenha obtido entre nós nenhuma menção.
Marchando contra a corrente, o Presidente Bolsonaro prossegue deblaterando contra o Supremo Tribunal Federal, porque este lhe contraria os desígnios e um bom número de opiniões, entre as quais a obrigatoriedade de um passaporte de vacinação para estrangeiros recém chegados. Isso sem mencionar os jornalistas, agredidos cotidianamente. Ele, sem dúvida, não concede qualquer importância ao princípio do equilíbrio dos poderes, entendido como pilar da estabilidade republicana, desde Montesquieu. De uma próxima feita, talvez se mostre prudente escolher como principal mandatário alguém instruído ou com interesse pela leitura, o que, no caso, não acontece. Acontece com Lula, o qual compensou a sua ausência de diplomas com uma inteligência privilegiada e curiosidade, muita curiosidade, que o leva a se atualizar e acumular títulos os mais diversos em sua coleção. A placa que lhe concederam em Buenos Aires, no importante evento, corroborando o prestígio que alcançou no decorrer de sua viagem à Alemanha, França, Bélgica e Espanha, consagrando-o como estadista, demonstrou que, no mundo, não fica abaixo de ninguém.
Em termos de democracia, de fato, estamos a quilômetros de distância de um ideal, desde a queda de Dilma Rousseff. A polícia entra nas áreas pobres com a bota nas portas, atirando e matando. Não liga se seus alvos são adultos ou crianças. Falta-nos maturidade e definição política, duas qualidades que, por sua ausência, nos atiram para trás, para as diferenças de classe e o preconceito racial. A aventura direitista não passou de um desastre, recusando-se a reconhecer que errou e agora buscando, desesperadamente, uma terceira via. Já se viu que a simples utilização de um juiz de má-fé, com sentenças manipuladas contra adversários ideológicos representou a tentação de uma linha direta para o abismo. Na afirmação de um povo, atalhos não trazem bons augúrios. Visão crítica e votos pensados, com boas propostas, sim. Quem sabe nos recoloquem nos trilhos. É uma hipótese que, no momento, vale como um sonho.
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