Ataque de consciência
Que país é este em que há quem vote em xenófobos, machistas, misóginos e saudosistas de torturadores? No Brasil do notório homofóbico Jair Bolsonaro, o general Mourão, nosso vice-presidente, diz que não existe racismo (aqui). E quero divergir do general. O racismo, marca nacional, existe. E ele não se desconstrói daqui a uma semana porque é estrutural
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Às vezes é muito difícil compreender certos juristas. Até porque circula nas redes sociais matéria de O Povo de 2013 (aqui) na qual o renomado Ives Gandra Martins, professor paulista, falava de cidadãos que não se enquadram em minorias. E ele deu o tom da polêmica por via do seguinte marcador: “Não sou nem negro, nem homossexual, nem índio, nem assaltante, nem guerrilheiro, nem invasor de terras. Como faço para viver no Brasil nos dias atuais?”.
A fala do mencionado jurista da direitona verde-amarela reúne golpes de “imbróglio” retórico, salvo para os ingênuos e/ou ventríloquos. É que pensar tem lado. E falar em lado é falar, também, em ideologia; e se é assim, uma pergunta: para que lado uma sociedade caminha quando elege um presidente de extrema direita, como Jair Bolsonaro?
No campo político há um complexo de ideias que se movimentam num espectro que vai da direita à esquerda. É preciso que ocorra uma definição desse espectro político, assunto que abre prolongados debates ideológicos. Pois! Sejamos práticos e comecemos pela extrema direita, que está colado no machismo, no racismo, comportamentos de inteira compatibilidade com o que se viu no fascismo e nazismo.
Aliás, nesse olhar mais à direita, vê-se Bolsonaro e seus fanáticos. A propósito, essa ala, digamos, bolsonarizada, está estendendo o elástico da suportabilidade. Temos vivido e sofrido dramático retrocesso civilizatório com os velhos cultores do autoritarismo, razão por que não se dispensa um olhar à esquerda, sem embargo de não se esquecer que, nela, há um espaço a ser preenchido por uma percepção mais humanitária.
Enfrentar a realidade, hoje, é, sobretudo, considerar um estoque de agressões a direitos fundamentais da cidadania: dignidade, liberdade e igualdade. Diante de tal quadro grotesco, a esquerda se diferencia da (extrema)-direita porque busca combater a escalada acelerada de vítimas diárias de toda espécie de violência.
O espantoso é que o ser humano abstrato da (extrema)-direita tem eixo no homem branco e heterossexual. E se não bastasse isso, na fila, por certo, está o olhar do neoconservadorismo atual, que interpreta os “direitos humanos” pelo filtro do liberalismo econômico, arcabouço que acolhe pessoas capitalizadas e empreendedoras.
Que país é este em que há quem vote em xenófobos, machistas, misóginos e saudosistas de torturadores? No Brasil do notório homofóbico Jair Bolsonaro, o general Mourão, nosso vice-presidente, diz que não existe racismo (aqui). E quero divergir do general. O racismo, marca nacional, existe. E ele não se desconstrói daqui a uma semana porque é estrutural.
É lançar os olhos à história e ver pelo ângulo tão bem expresso pelo historiador Luiz Antonio Simas, que o Brasil foi projetado para ser racista, brutal, segregador, concentrador de renda e homofóbico. Eis o Brasil que “deu certo” (aqui). Daí o dizer: o Brasil precisa dar errado urgentemente!
Nestes tempos difíceis, em que o pesadelo se torna efetivo, precisamos varrer alguns personagens políticos — e toda mentalidade odiosa — para a lata de lixo dos tempos.
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