Ataque aos sindicatos

Os sindicatos são essenciais para defesa dos direitos trabalhistas. Por que entidades patronais podem ter recursos (como as vinculadas ao Sistema S) e as dos trabalhadores têm de enfrentar barreiras colocadas pelo atual governo?

03/10/2015 - São Paulo - SP - Manifestantes da CUT realizaram um protesto “em defesa da Petrobras e da democracia” na manhã deste sábado (3) na Avenida Paulista. Foto: Roberto Parizotti/ CUT
03/10/2015 - São Paulo - SP - Manifestantes da CUT realizaram um protesto “em defesa da Petrobras e da democracia” na manhã deste sábado (3) na Avenida Paulista. Foto: Roberto Parizotti/ CUT (Foto: Vicentinho)


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O governo ilegítimo de Michel Temer especializou-se em atacar direitos sociais e trabalhistas do povo brasileiro conquistados ao longo de décadas sob estímulo do poder econômico que apoiou o golpe de 2016. Essa agenda inclui a reforma trabalhista, contestada, no STF, por 18 ações diretas de inconstitucionalidade, das quais 13, algumas movidas por entidades empresariais, pedem a volta da obrigatoriedade do imposto sindical.

A CUT, a qual presidi, sempre se posicionou contra o imposto sindical. Eu sempre me alinhei a esta tese, tanto que, em 2003, propus uma PEC para acabar com o imposto, mas com redução gradual de 20% da contribuição devida ano a ano após sua promulgação. A PEC propunha ainda o reconhecimento das centrais sindicais e o substituto processual, entre outros itens, visando a fortalecer o movimento sindical.

O fim do tributo com a reforma de Temer visa a quebrar o sistema de financiamento, de modo abrupto, sem transição e sem garantias efetivas de sustentação financeira dos sindicatos. O governo privilegia o grande capital (isenções tributárias, remuneração escandalosa aos rentistas, venda de empresas públicas a preços irrisórios etc.) e ataca os sindicatos de forma fascista, para enfraquecer o movimento dos trabalhadores.

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O governo atual criminalizou as contribuições para as entidades sindicais. Temer fez evaporar os recursos, para colocar a faca no pescoço das centrais sindicais e solapar a combatividade na defesa dos direitos dos trabalhadores. A CUT não participou das negociações da reforma, embora tenha sido sempre contrária ao imposto, por entender que o tema jamais poderia ser tratado com um governo ilegítimo.

O governo, com apoio de setores da imprensa, espalhou a tese de que o movimento sindical é desnecessário para o trabalhador e que só existe por causa dos recursos públicos, embora pertençam, de fato, aos próprios trabalhadores. O objetivo é deixar a classe trabalhadora à mercê das empresas, sem apoio sindical e espezinhada por gananciosos prepostos de patrões que se portam como capatazes do século XIX.

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Os sindicatos são essenciais para defesa dos direitos trabalhistas. Por que entidades patronais podem ter recursos (como as vinculadas ao Sistema S) e as dos trabalhadores têm de enfrentar barreiras colocadas pelo atual governo?

A maioria das entidades dos setores público e rural criadas pela CUT não tem imposto sindical. Os trabalhadores financiam os seus sindicatos da forma como eles mesmos deliberam. No entanto, considerando a realidade do país, nosso entendimento é de que a extinção do imposto deveria ser gradual. Precisamos resgatar a democracia legítima, implementar canais verdadeiros de negociação entre trabalhadores e empresários. É fundamental a negociação com as entidades sindicais, cujas decisões são legitimadas, democraticamente, em assembleias dos trabalhadores.

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