Assassinato e crise nas bases

E na província de Buenos Aires que estão concentrados muitos dos desafios econômicos e sociais do país, como a desigualdade social e a insegurança pública

Milhares de pessoas saíram às ruas em Buenos Aires contra o atentado a Cristina Kirchner
Milhares de pessoas saíram às ruas em Buenos Aires contra o atentado a Cristina Kirchner (Foto: Reprodução | Fernanda Carvalho/Fotos Publicas)


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 A semana na Argentina foi marcada por um caso de polícia que virou motivo de crise política. O assassinato de um motorista de ônibus na segunda-feira (3), que ocorreu no limite entre a cidade de Buenos Aires e a província de Buenos Aires, se transformou numa disputa explícita entre setores do peronismo/kirchnerismo. A disputa sinaliza como andam os bastidores do poder a três meses do prazo para a inscrição das candidaturas à Presidência da República e ao governo da maior província do país, a de Buenos Aires. Ela sozinha representa 37% do eleitorado argentino. E é nela que estão concentrados muitos dos desafios econômicos e sociais do país, como a desigualdade social e a insegurança pública.

Na segunda-feira, o motorista Daniel Barrientos, de 65 anos, foi assassinado quando conduzia um ônibus em um bairro dessa província. Seus colegas organizaram uma manifestação pedindo segurança pública. O secretário da Segurança da província, Sergio Berni, que foi médico e militar no Exército, desembarcou no local da manifestação de helicóptero. Foi recebido com pedradas, levou socos e chegou a cair devido à fúria dos motoristas. Tudo exibido diante das câmeras de televisão e dos fotógrafos. Com sangue no rosto, Berni, que é kirchnerista, estava pálido. Surpreendido com a revolta dos manifestantes, ouviu deles que suas promessas de maior segurança, feita a eles em outras ocasiões, não viraram realidade. Berni tentava explicar que estava ali porque, como ele diz, “vou onde devo estar”, “onde precisam”. Suas palavras não serviram de consolo.

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Os motoristas da linha onde Barrientos trabalhava fizeram greve. E trabalhadores de outras quase 20 linhas seguiram o mesmo caminho. Como em outros lugares do planeta, após um crime ainda não investigado, surgiram especulações sobre o que tinha acontecido. Berni disse que o assassinato não tinha sido consequência de  um “simples assalto” e também sugeriu que ele tinha apanhado dos motoristas em uma emboscada organizada por opositores. O ministro da Segurança do governo do presidente Alberto Fernández, Aníbal Fernández, disparou críticas contra o chefe de Berni, o governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, ex-ministro da Economia e próximo da ex-presidente e vice-presidente Cristina Kirchner. “Ele (Axel) desconhece profundamente as coisas que acontecem. O governador fala em seis mil policiais nacionais na província. Mas já existe muito mais do que esse número e já faz muito tempo”, disse Fernández, o ministro. Os assessores de Kicillof disseram, publicamente, que era o ministro que não sabia nada. Um bate-boca entre nomes de peso do kirchnerismo a seis meses do primeiro turno da eleição presidencial. Na oposição não tem sido muito diferente. Mas até os mais fieis kirchneristas entendem que “é preciso arrumar a casa”, além dos resultados econômicos e sociais, para que o “movimento kirchnerista”, como eles dizem, volte novamente à Casa Rosada, a partir do diz dez de dezembro, como termina o atual mandato de Alberto Fernández e da vice-presidente Cristina Kirchner.

 A vice-presidente, o presidente e o ministro da Segurança são peronistas e têm ‘Fernández’ no sobrenome. Mas o que o crime contra um chofer de ônibus mostrou, além da insegurança pública no interior da maior província do país, foram as diferenças internas no braço político que governa a Argentina.

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