Asco sem remédio

"Desta vez, superou não a boçalidade, mas o asco que vinha provocando até agora", escreve o jornalista Eric Nepomuceno

(Foto: Isac Nóbrega/PR)


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Por Eric Nepomuceno, para o 247 

Jair Messias Bolsonaro, com o apoio cúmplice de Leda Nagle, conseguiu de novo superar o insuperável, ou seja, ele mesmo. 

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Desta vez, superou não a boçalidade, mas o asco que vinha provocando até agora.

Confesso que fui ver a conversa dessas dos dois. Os primeiros 25 minutos, aos pulos: era só o Genocida repetindo as baboseiras de sempre, e merecendo a concentrada atenção da apresentadora.

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E aí chegou-se ao caso de Bruno Araújo Pereira e Dom Phillips.

O que Jair Messias disse foi algo mais que escandaloso: foi asqueroso. Lembrou, certamente com razão, o óbvio: Dom Phillps era malvisto na região em que foi atacado e morto (alguém, além de familiares e amigos, ainda é capaz de ter esperança de encontrar os dois com vida?) porque denunciava garimpeiros. 

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Faltou dizer que denunciava não só os garimpeiros, mas todos os crimes de tudo que é atividade ilegal cometidas não só com a omissão mas o forte incentivo do governo do pior presidente da história da República. O pior e o mais asqueroso.

Falou do caso por escassos dois minutos. E depois, diante do silêncio absurdo – e igualmente asqueroso – da apresentadora, passou a desancar o ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal.

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O resto da conversa – outra meia hora – foi a pura discurseira de Jair Messias, e de novo com a simpatia da apresentadora.

Jair Messias, em seu desequilíbrio sem volta, pode dizer o que quiser, e sabe disso. Tanto que mente como quem respira, e não acontece nada com ele. Nada de nada.

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O assombroso – e asqueroso – é que uma apresentadora que se supõe (ela mesma; alguém mais?) jornalista acate tudo que o Genocida fala sem perguntar o óbvio: “O senhor está dizendo que a culpa é da vítima?”.

Outra de Jair Messias que ela deixou passar em branco, ou seja, apoiou: ele disse que todo mundo sabe que “lá”, ou seja, na Amazônia, tem muito pirata. 

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E ninguém faz nada para combater esse fenômeno? Cadê a tal soberania nacional?

O Genocida não tem jeito. Lá pelas tantas, comentou que “estamos tendo sucesso” nas buscas por Bruno e Dom. 

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Exemplo do sucesso: “encontramos objetos, roupas, material, vísceras”. E, de novo, a apresentadora ficou em silêncio diante da asquerosa declaração.

Certamente Jair Messias, quando mencionou “sucesso”, estava se referindo o êxito da política de seu governo para a região: invadir, invadir, garimpar, garimpar, caçar, caçar. Matar, matar.

A esta altura, não há mais nenhuma desagradável e perigosa surpresa  vinda de Jair Messias e seus asseclas espalhados não apenas no governo, mas nos meios de comunicação.

De surpresa, nada. O que vem por aí será asco, asco e mais asco, asco sem remédio, até que as eleições liquidem de vez essa asquerosa figura.

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