Às vésperas de já ir embora, Bolsonaro tenta golpe ineficaz usando as polícias

"Jair perderá as eleições e, a essa altura, não há o que ele possa fazer para impedir isso", escreve Carla Teixeira

Jair Bolsonaro e Sérgio Moro
Jair Bolsonaro e Sérgio Moro (Foto: Reprodução)


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Por Carla Teixeira 

As centenas de operações pelo Brasil mostram que Jair Bolsonaro, às vésperas de já ir embora da presidência da República pela escolha popular, tenta barrar o livre exercício democrático do voto.

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Por todo o país, centenas de relatos circulam nas redes sociais e na imprensa denunciando blitze policiais que miram, essencialmente, as regiões em que Lula teve vantagem no primeiro turno. De acordo com a imprensa, as operações foram orquestradas no Palácio do Alvorada, na quarta-feira (19).

 Na região Nordeste, foram mais de 500 operações deflagradas pela Polícia Rodoviária Federal, a mesma que matou Genivaldo na câmara de gás. No Rio de Janeiro, a avenida Brasil chegou a ter 200 km de engarrafamento devido às blitze policiais.

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Áudios de whatsapp contam que alguns policiais cariocas chegaram a perguntar em quem os passageiros dos veículos que foram fiscalizados iriam votar. Ao responderem que votariam no 22, ouviram da autoridade que não seriam mais parados nas blitze à frente. Apesar das denúncias de assédio e coação, não circulam relatos de pessoas que deixaram de votar por conta das operações.

Em coletiva de imprensa, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, disse que não dá para “tirar conclusões precipitadas” ou “dizer que essas operações beneficiam candidato A ou candidato B”. Ele ignora que significativo contingente das forças policiais simpatiza com Bolsonaro.

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Vale lembrar que Moraes, ligado ao finado tucanato paulista, apenas tornou-se ministro do STF por conta do golpe de 2016, indicado pelo presidente ilegítimo Michel Temer. Assim, não temos o direito à surpresa ao constatar essa enorme passada de pano para a tentativa de golpe eleitoral do candidato à reeleição.

O número de denúncias de coação eleitoral de patrões e empresas sobre empregados, incentivando o voto em Jair Bolsonaro, foram crescendo ao longo do segundo turno, contando milhares de registros junto ao Ministério Público do Trabalho.

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Tais práticas da Velha República mostram que Luiz Carlos Prestes nunca passou frio porque estava coberto de razão ao afirmar, em entrevista ao Roda Viva em 1986, que “não há nenhuma Nova República. Se há uma Nova República, ela nasceu igual à velha”.

Ao longo do processo eleitoral, Jair Bolsonaro utilizou bilhões de reais através do orçamento secreto para diminuir o valor dos combustíveis, comprar apoio político de parlamentares do “centrão” e distribuir benefícios sociais tal qual Silvio Santos distribuía aviõezinhos feitos com notas de 50 reais em seus auditórios televisivos.

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Não há registro, na história recente, de semelhante uso da máquina pública em favor da reeleição de um candidato. O mais surpreendente é que mesmo todas essas manobras não mudarão o resultado esperado. Todas as pesquisas indicam a vitória de Lula por 4 milhões de votos ou mais.

A imprensa publicou que 124 eleitores indígenas do município de Querência (MT) não conseguiram votar porque o cartório eleitoral não mandou ônibus para buscar os eleitores na aldeia. O prefeito da cidade, Fernando Gorgen, é empresário do agronegócio e apoiador de Jair Bolsonaro.

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Esses episódios são lamentáveis e mostram a fragilidade das instituições brasileiras de reagir ao assédio do poder econômico sobre a população em diversas regiões do país. No entanto, não conseguem ter qualquer efeito de virada diante dos milhões de votos que dão vantagem para Lula. Jair perderá as eleições e, a essa altura, não há o que ele possa fazer para impedir isso.

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