As três vias para a volta de Lula
Para o colunista do 247 Emir Sader existem três caminhos para que o ex-presidente Lula possa vencer o isolamento a que vem sendo submetido desde que foi submetido a uma prisão sem provas no âmbito da Lava Jato e, desta forma, retorne ao Planalto: a via democrática plena, como candidato, ser o maior cabo eleitoral de alguém comprometido com as forças progressistas e, por fim, a chamada via Peron; neste caso, seria lançado alguém com condições reais de vitória que, em seguida, convocaria novas eleições tendo Lula como candidato
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A paradoxal situação em que se encontra o país coloca para a oposição três alternativas para o retorno do Lula. Tudo isso, dado que as forcas golpistas tem um imenso desgaste pela falta de credibilidade do seu governo, pelas desastrosas consequências econômicas e sociais da sua política econômica e da ausência de qualquer candidato seu que possa ter um mínimo de possibilidades de disputa eleitoral.
Ao mesmo tempo, a direita usa a fundo as forcas com que conta: a perseguição judicial ao Lula, fazendo com que o Judiciário atue como um partido político, que tem o ex-presidente como seu inimigo político central, e cuja ação se restringe à manipulação de dispositivos legais totalmente indefensáveis para tentar impedir que o Lula seja candidato.
Usa, ao mesmo tempo, seu outro grande instrumento antidemocrático: o monopólio dos meios de comunicação e suas campanhas de acusações e desvirtuamento da situação do Lula e das forcas da oposição. Se vale ainda da maioria que ainda dispõe no Congresso para seguir dilapidando o patrimônio público, em especial o pré-sal.
Nessas circunstâncias, que alternativas restam à oposição para derrotar o governo nas eleições deste ano, considerando que a liderança do Lula é indispensável para um novo triunfo das forcas democráticas e para a urgente reconstrução do país?
Em primeiro lugar, a via democrática plena, com o Lula registrado como candidato do PT à Presidência da República no dia 15 de agosto e o início da campanha eleitoral que demanda, obviamente, a liberdade do Lula para participar da campanha. Essa é a via que a direita mais trata de evitar, porque sabe que Lula triunfaria no primeiro turno, vitória que criaria as condições para uma virada radical na situação do país, a começar pelo referendo revogatório do pacote de medidas antissociais, antidemocráticas e antinacionais do governo golpista, assim como o fim da atual política econômica. Está em disputa sua capacidade de impedir a candidatura do Lula e sua liberdade.
Em segundo lugar, caso consigam impedir o registro da candidatura do Lula, mesmo sem argumentos legais para fazê-lo, está a possibilidade do Lula se valer do fato de ser o grande eleitor, como as pesquisas confirmam sempre, e ele apontar um candidato para o qual ele transferirá toda a sua influência e para o qual fará campanha, onde quer que ele esteja. Esta alternativa se colocaria a partir de 15 de setembro, quando seria necessário o Lula definir os rumos da campanha.
A terceira, a que se denomina a via peronista, é aquela que o Peron utilizou para voltar ao governo, depois de ser deposto, de se ter exilado, enquanto os peronistas eram reprimidos. O próprio nome de Peron era proibido de ser mencionado e ele impedido de ser candidato. Nas eleições de julho de 1974, quando ele de novo foi proibido de se candidatar à presidência da Argentina, ele lançou seu mais fiel seguidor, Hector Campora, um dentista, considerado seu irmão, chamado de "tio", para representá-lo.
Na campanha eleitoral, eu pude ver os muros de Buenos Aires pintados com lemas que deixavam claro o sentido do voto em Campora: "O voto por Campora, o poder para Peron", "O voto por Campora, a vida por Peron". Campora teve um triunfo espetacular e, dignamente, cumpriu com o objetivo da sua campanha, renunciando e convocando novas eleições, em que Peron triunfou com votação maior ainda.
Essa é a terceira via possível do retorno do Lula à Presidência do Brasil. O lançamento do candidato que ele definir, sua eleição, sua renúncia e convocação de novas eleições plenamente livres, em que Lula se candidatará e poderá voltar a governar o país.
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