As tenazes do alicate



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Ao fim da II Grande Guerra, as tropas norte-americanas acertaram com a Inglaterra de Winston Churchill e dos aliados que penetrariam na Europa por meio das tenazes de um alicate. Por um lado, subiriam pela península italiana em direção ao norte. No outro arco, depois da invasão da Normandia, seguiriam igualmente para o norte até Berlim. No Leste, o Exército Vermelho dobrava a espinha dos alemães que, no entanto, ainda improvisavam fôlego para os finais da ação. Foi, naquele momento, uma estratégia correta. Na opinião de Hitler, se os alemães não eram capazes de vencer, então que morressem até o último homem. A destruição se mostrou inacreditável. 

Guardadas as devidas proporções, o atual instante da política brasileira, sob o regime de extrema direita de Jair Bolsonaro, lembra, em parte, o que ocorreu com os nazistas. A agressividade com que começaram dominando os demais povos terminou acarretando uma oposição que os enfrentou sem contemplações. Aqui também lembramos as tenazes de um alicate de serralheiro. À medida em que aumenta o volume das críticas, provocadas pela pasmaceira governamental, multiplicam-se as manifestações nas quais a figura do Presidente aparece exânime ou vinculado à suástica nazista, tendo em contrapartida as medidas de desespero do seu Ministro da Justiça André Mendonça. Este apela para a velha Lei de Segurança Nacional, do antigo regime, na tentativa de intimidar os adversários. Humoristas e jovens já foram detidos por causa de cartazes estampados em Brasília. E Ciro Gomes, conhecido por sua retórica oposicionista, vê-se, de repente, no centro de um processo com base na mesma Lei, por iniciativa do Mendonça. Ele imagina agradar ao chefe, quando, na verdade, ao contrário, aumenta em todos os fronts a pressão contra ele.  

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Estamos, tudo indica, diante de um fenômeno da natureza das coisas, quando uma proposta no poder dá mostras de esgotamento. Isso ficou mais claro depois da anulação dos processos envolvendo o ex-Presidente Lula e às declarações que o mesmo concedeu à população, primeiro, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e, em seguida, por meio de entrevistas à CNN, nos Estados Unidos, e ao jornal Le Monde, na França. O mundo tomou conhecimento que, afinal, não desenvolvemos apenas doutrinas atrasadas para governar o país e que dispomos de alternativas já bem sucedidas entre nossos quadros políticos. As palavras do ex-Presidente, projetando em nossa imaginação o que seria uma administração alternativa frente à epidemia, acendeu uma luz que acentuou o aspecto sombrio emanado do Palácio do Planalto, desde o início contaminado pela defesa da morte e da destruição contra o que representa a vida ou a construção.  Nem precisamos reviver a estratégica anglo-norte-americana na II Grande Guerra para notar que tenazes de um sopro de vida devem apertar o cerco contra as retóricas negacionistas. Trata-se, aliás, de uma atitude de defesa. 

Temos de encontrar forças positivas, como argumentou Lula, para provar que ainda prezamos nossa cidadania. Máscaras, vacinação em massa e medidas de proteção contra o contágio se revelam indispensáveis. Só idiotas não veem. Daí por diante, basta avançar e avançar. E avançar. Quando o alicate apertar, saberemos o que fazer.

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