As ruas não mentiram em 13.3.16

O que está faltando no Planalto é sabedoria e força para mudanças efetivas. Dilma não pode entregar os pontos à incompetência; não pode letargicamente não saber o que fazer; não pode ter mais escolhas estapafúrdias – o patético caso do ministro da justiça promotor-. Ela não tem mais nenhum direito de erro



✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Qualquer democracia que respeita a vontade popular – perdoe-se a obviedade- vai ler o que houve no Brasil neste dia com muita, muitíssima atenção. Simpatizantes do Governo podem dizer que teria sido apenas 1,5% da população. Em termos percentuais poderia ser 'pouco'. Mas nem sob este aspecto é.

Esses milhões de pessoas que foram à rua podem ser multiplicados, minimamente, por dois. Não que contagens estejam erradas. Mas o simples fato de esse povo nada revolucionário sair da inércia para protestar com esta magnitude é algo impressionantemente grandioso. Seja para que lado for. Se o PT conseguir (guisse) em sua 'resposta' um número equivalente, seria igualmente grandioso. Mas estima-se que não consiga. Não é apenas futurologia, mas a imagem efetivamente degradada para próprios muitos simpatizantes.

Dilma sempre teve dificuldades 'naturais'. A primeira, ser mulher, numa sociedade nitidamente machista. A segunda não saber falar, e não sabe mesmo, vive se corrigindo, se desdizendo e dizendo o que talvez nem ela mesmo consiga saber bem o que é. A terceira, sua escancarada antipatia autoritarista, um contrário de Lula cuja autoridade é articulada em fundamentos, bons ou maus, pouco importa.

continua após o anúncio

Esses fatores personalistas podem parecer superficiais, mas contribuíram muito para que muitos não possam nem mais ouvir nada que Dilma fale, mesmo, imagine-se, estando correta. Não se pode chamar simplistamente a isso de 'ódio' ou 'intolerância'. Faltaram assessoria, aconselhamento e o mais importante, ela acatar os conselhos.

Mas um presidente 'possui' um mandato. Este mandato tem que ser respeitado. Outro problema é que as ruas não quiseram dizer apenas um 'desrespeito' ao mandato. O povo tem o direito de ter se enchido, o saco. Nunca as ruas, em qualquer democracia, podem ser ilegítimas.

continua após o anúncio

Em 13 de maio de 2015 publiquei aqui um artigo, do nada, 'sugerindo' que Dilma salvasse o PT e cortasse 10 ministérios. Algum tempo depois essa ideia rondou em Brasília. Mas todo mundo sabe que isso seria 'revolucionário' demais. E o eterno-PMDB-eterno tem sua imensa parcela de responsabilidade, em tudo. Só que agora é muito mais fácil tirar o corpo fora feito bailarina esvoaçante e entoar bravatas à beira do caos.

Não adianta mais ministros continuarem a 'pedir' diálogo, acordo, salvação nacional. Parem com essa mesmice tola e ineficaz. Não cola mais. Ou o governo rasga efetivamente algumas páginas do seu manual que se está vendo não deu certo, ou vai perder as últimas chances de credibilidade. Imaginando-se ainda haver.

continua após o anúncio

O que está faltando no Planalto é sabedoria e força para mudanças efetivas. Dilma não pode entregar os pontos à incompetência; não pode letargicamente não saber o que fazer; não pode ter mais escolhas estapafúrdias – o patético caso do ministro da justiça promotor-. Ela não tem mais nenhum direito de erro.

O Partido dos Trabalhadores foi um sonho espetacular enquanto promessa de uma então esquerda possível e grande parte deste sonho chegou a, efetivamente, se realizar. Um novo Brasil foi feito e países e intelectuais insuspeitos reconhecem a trajetória. Só que agora a situação mudou drasticamente. E isso precisa ser reconhecido com humildade pelo governo que é sim, 'empregado' do povo.

continua após o anúncio

Não há vitoriosos com os movimentos de rua. Todos somos perdedores com o país chegando a este estágio público de insatisfação. Quem saiu neste domingo rindo, brincando, feliz, certamente deveria saber, e no fundo sabe, que a situação é péssima e nada está para brincadeira. O trabalho de 'ruas' não acaba quando se volta para casa. Mas em compensação, o trabalho de governo nem tem volta, nem tem casa. É uma administração do dinheiro público que requer competência e exação ininterruptamente.

Talvez não haja mais saída para Dilma, o que não representa vitória de ninguém – que fique muito bem claro-, muito menos de um povo brasileiro sofrido cuja esperança foi rasgada. E muito menos ainda desse péssimo e oportunista PSDB e toda a corja drosófilo-nanica que fica voando num entorno fétido mordiscando sobras.

continua após o anúncio

Por fim, e bem no fim, mas não tão no fim assim, há um mandato. O país espera respostas do Governo esta semana. Mas exigirá atos. A situação não se circunscreve na primariedade de torcidas polarizadas de times adversários, PT versus PSDB. Devem ser exigidos, seriamente do governo, atos. Dilma ainda pode salvar muita coisa com a caneta de presidente que ainda está em sua mão. O problema é saber se ela terá esse poder e esta força personalista.

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247