As pós-verdades do governo pós-democracia

"O governo pós-democrático no Brasil difunde suas pós-verdades como tentativas de justificar as injustificáveis políticas do governo", diz o colunista Emir Sader, para quem Michel Temer se tornou um "personagem grotesco", com credibilidade próxima de zero; "Diz que a economia não retoma o crescimento porque o custo da força de trabalho seria muito alto, em um país caracterizado por salários extremamente baixos. Diz que o Brasil teria feito alianças ideológicas no plano internacional, quando essas alianças foram parte essencial do crescimento econômico do pais, tanto na America Latina, como na Ásia.

Michel Temer
Michel Temer (Foto: Emir Sader)


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Como disse a Dilma, no seu histórico depoimento no Senado, respondendo a um senador que havia estado com a ditadura, “na ditadura não há verdade, só há verdade na democracia”.

O governo instaurado no Brasil com a ruptura da democracia se esmera em confirmar essa afirmação, buscando impor o reino da mentira, junto com um governo de fato, imposto por um golpe.

Se a verdade é a primeira vitima da guerra, igual destino lhe está reservado quando a democracia termina. Quando se instala a guerra à democracia, a verdade também é vitimizada.

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O golpe de 1964 foi feito alegando o perigo e o medo correspondente de que uma ditadura se instalasse no pais. Para instalar a mais feroz ditadura, que destruiu tudo o que havia de democracia no Brasil. Passaram a reinar o medo e a mentira.

O golpe de 2016 foi promovido alegando que o governo cometia pedaladas e havia dividido o pais. Se pretendia colocar as finanças do pais em dia e recuperar a confiança, reunificando o pais.

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Tudo deu errado, só restando as mentiras do governo, diante de todos os índices econômicos negativos, do isolamento recorde do presidente, da falta de credibilidade total do governo.

A ideia de pós-verdade – que sucede à pós-modernidade, ao pós-capitalismo, e ao fim da história, da divisão entre direita e esquerda, etc, etc, - foi um componente essencial da campanha de Donald Trump. No vale-tudo eleitoral, o uso da internet para difundir inverdades, mentiras, meias-verdades, fez parte da campanha que levou Trump à vitoria. Não interessa a veracidade de uma notícia, mas sua funcionalidade a um objetivo, neste caso eleitoral.

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O governo pós-democrático no Brasil difunde suas pós-verdades como tentativas de justificar as injustificáveis políticas do governo. Diz que o problema do Brasil é que o governo gastou muito em políticas sociais, uma mentira evidente diante dos problemas sociais que continuam a ser o principal problema do pais.

Diz que a economia não retoma o crescimento porque o custo da força de trabalho seria muito alto, em um país caracterizado por salários extremamente baixos.

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Diz que o Brasil teria feito alianças ideológicas no plano internacional, quando essas alianças foram parte essencial do crescimento econômico do pais, tanto na America Latina, como na Ásia.

As pós-verdades não têm compromisso com a realidade. São produtos de marqueteiros, que fazem com que seus personagens digam o que seria bom que fosse a realidade, não importando como seja esta.

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Michel Temer tornou-se um personagem grotesco, em que ninguém mais confia, cujas palavras são motivo de deboche, cuja credibilidade – que ele pretendia encarnar – é próxima de zero. Tornou-se o politico mais desmoralizado, cercado de políticos desmoralizados. Constituiu o governo mais corrupto da historia do Brasil. Tem a consistência de uma folha de papel ao vento das denuncias, que fica esperando agachado, com medo.

A pós-verdade é o contrassenso de um governo sem sentido, que se propôs o contrario do que ele é. Só um governo pós-democracia poderia sustentar pós-verdades. Será vitima da verdade e da democracia.

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