As paradas brasileiras
Já pensaram ver o Eduardo Cunha e Renan Calheiros num carro alegórico no formato do Congresso gritando: Dilma querida, vetamos sua medida
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Desde que me entendo por gente, vejo ao longo do ano inúmeras paradas acontecendo no Brasil. Tudo é motivo para que um aglomerado de pessoas se reúna em prol de alguma causa. Desta feita, sem ser injusto, pretendo citar algumas delas:
A primeira que vem a mente é a de Sete de Setembro. No país acontecem desfiles estudantis, sucedidos com bandas das forças armadas, tanques de guerra, caminhões, jipes e toda a parafernália militar possível. Tem também um passeio na capital federal, da presidenta acenando em carro aberto (público puto, desferindo elogios às avessas e tal), procedimento já batido, mas fazer o que né? É praxe nesse dia.
Aí vêm as paradas de cunho político, também chamadas de Copafestação (mistura de Copa do mundo com manifestação), onde tem de tudo: um mix de golpistas civis e militares, de Revoltados Online, de profetas do Caos, de blogueiros do Satanás tucano, de cantores ultrapassados que querem fazer sucesso na política (porque a criatividade na música não emplaca mais), de profissionais da mídia Peppa PIG (transmitindo e convocando ao vivo), enfim, uma babel de anti-brasileiros travestidos de coxinhas, que agem por uma causa totalmente injusta e até agora impossível – o impeachment/renúncia/desistência – da presidenta Dilma Rousseff (que ganhou as eleições de forma legítima). Na verdade, um terceiro turno forçado por interesses de grandes grupos econômicos e midiáticos.
Depois vem a Marcha das Vadias, uma beleza... mulheres de sutiãs ou sem (com tetinhas de fora) desfilam gritando palavras de ordem em favor das mulheres, das prostitutas, das minorias. A macharada acompanha o espetáculo de mulheres bonitas e outras nem tanto. Que mal tem de se ver peitos e bundas esvoaçantes ao vento? Todos gostam e apoiam... eu inclusive! Viva a Marcha das vadias!!!
Que não gosta muito faz uma parada cem vezes maior e mais famosa. Será que existe algum instituto de pesquisa que mede audiência, versus comparecência, versus criatividade e saliência? Ontem (7) foi o dia da Parada Gay de São Paulo. Aliás, acredito que depois da de Sete de Setembro, seja a maior parada registrada na história brasileira. Uma belezura com todas as cores, que no início até se justificava (quando ser gay era ser reprimido), hoje não! Quando a pessoa se assume, ou como se diz no dito popular "sai do armário com o mário", ninguém tá nem aí... pps! Quase ninguém... os golpistas militares lá de cima, juntando com alguns machões (Rhum, Rhum) fora de época (aqui de baixo), ainda tem um certo preconceito ultrapassado. Mas o que seria do mundo sem os gays, travestis, transsex, bibas, bichinhas, veados e gazelas, não é Ronaldinho? O que? Esse mesmo, o fenômeno que protestava na parada lá de cima dos coxinhas, mais investe o seu dinheirinho ganho por aqui, lá nos states. Ele não só admira que nem eu, como também gosta bastante deles, como ou come ele. Nada contra viu Ronaldo! E o que seria dos homens sem a fantasia imposta pelos filmes pornôs (iguais àqueles vistos por alguns deputados na sessão da Câmara), onde duas mulheres se amam apaixonadamente numa transa compassada e louca?
Loucos mesmo são aqueles, aquelas ou aquilos que vão à Marcha da Maconha. Não é mesmo bichooo? Pô cara... uma lombra só!!! neguinho (sem analogia a raça, me refiro à gíria da pessoa mesmo), aproveita pra fumar unzinho e olha que demais... o cigarrinho do capeta tem a chancela de quem? Quem? Daquele ex-presidente que é o mentor daquela outra parada lá de cima... a dos coxinhas! Ele mesmo... Fernando Hidrocarbonato do Capeta, ou seja FHC mesmo. Será que ele quer legalizar pra poder plantar em sua fazenda? Uma possibilidade sabia? De repente ele pode até contratar uma consultoria do Mujica pra isso, não é mesmo?
Tem a parada dos jegues em Itabi Sergipe e Zabelê na Paraíba. Enfim, tem várias paradas nesse Brasilzão de meu Deus, que não vou conseguir listar aqui. Mas acho que tem três paradas que deveriam entrar nesse certame: A do orgulho hétero, a do orgulho Careca e a do orgulho político. Já pensaram? Homens desfilando se exibindo com corpus semidespidos e a mulherada gritando tipo clube das mulheres: lindo, lindo... tira, tira, tira... ou na do orgulho careca (essa é sob encomenda pra mim mesmo); empresas de cosméticos distribuindo cremes, filtros ou protetores solares, enquanto outras jogam bonés, bandanas e perucas... (pega essa aí, ô cabeça de pinto! Grita um vendedor...) E os carecas desfilando no sol de meio dia na paulista gritando: - Carecas unidos, cabelos já fugidos... Carecas unidos, mulheres conseguimos! E por fim a mais emblemática das paradas sugeridas, a dos nobres políticos brasileiros. Já pensaram ver o Eduardo Cunha e Renan Calheiros num carro alegórico no formato do Congresso gritando: Dilma querida, vetamos sua medida, Dilma querida, estamos na sua vida!! Seria bárbaro, daí as pessoas poderiam medir a popularidade. Se gostassem, aplaudiriam, se não, vaiariam... e todos saberiam o quanto estão certos ou errados... Acho que seria um bom começo pra reforma política brasileira.
Afinal, brasileiro é presepeiro, gosta de multidões, de holofotes e de atenções... É guerrreiro, obreiro e até macumbeiro. Também gosta de dinheiro, de cheiro e até de torneio. Esse de fato é o povo Brasileiro, de paradas, paradinhas e paradões. De sambinha, pagode e funkões. Esse é o povo de todas as paradas, possíveis, impossíveis e imagináveis. Viva o meu Brasil de manifestações imbecis, criativas e de chavões. Brasil de Dilma, de Lula, de Martha arrependida e de palavrões.
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