As múltiplas, mas concentradas redes sociais: o avanço do TikTok
"A plataformização está entre nós e precisamos compreendê-la", escreve Roberto Moraes
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Por Robertro Moraes
O chinês TikTok vai ganhando uma aderência no Ocidente que hoje espanta as Big Techs americanas, em especial, o FB (também dona do Instagram) e o Google.
O FB com seus 2,9 bilhões de usuários, já colocou em curso a ideia de fazer com o que o seu Instagram possa gradualmente fazer o que o Tik Tok faz com vídeos curtos. Por isso, criou o Rels e o Google o Shorts ou Cortes. O Instagram tem 2 bilhões de usuários no mundo, mas o TikTok é a que mais cresce em usuários ativos e já passou de 1 bilhão de usuários em todo o mundo.
Há apenas 4 anos o TikTok passou a aceitar anúncios e no ano passado já faturou US$ 4 bi e esse ano tem previsão de chegar a US$ 12 bi, apenas cerca de 10% dos US$ 118 bi de receita do FB.
O TikTok ficou conhecido e se tornou atraente, entre aqueles da chamada geração Z (nascidos no entorno e a partir do ano 2000) com os vídeos curtos e engraçados, mas já é muito mais que isso.
A capacidade do TikTok de atrair e reter público (engajamento) é muito maior do que o do FB, Instagram e Youtube, seus concorrentes diretos. Isso é atribuído à potente e eficiente capacidade de sua Inteligência Artificial-IA (e algoritmos), o que faz com que seus usuários permaneçam quase o dobro do tempo dos usuários do FB e o triplo do Instagram.
Isso leva a maiores preços de seus anúncios e, consequentemente, a maiores e crescentes receitas.
Porém, a empresa TikTok é muito mais que isso. Ela atua junto com a holding a que pertence, a ByteDance, uma das gigantes Big Techs chinesas. As demais são: Tencent, Baidu, Alibaba e Didi. A ByteDance tem valor de mercado em torno de US$ 130 bilhões, já Tencent se aproxima dos US$ 500 bilhões.
A TikTok é uma das dez subsidiárias da holding ByteDance. Juntas e atuam além do APP do TikTok com distribuição e hospedagem de vídeos curtos, com distribuição de música, games, streamings e também no e-commerce (comércio digital).
Há algum tempo eu fiz o download do APP do TikTok, mas vejo uma vez ou outra para entender como funciona, mas raramente utilizo, a não ser para entender um pouco melhor, a lógica das plataformas digitais como "meios de comunicação" e sobre como as múltiplas redes sociais, com características e perfis de usuários que vão se tornando distintos, ajudam a construir subjetividades e concepções de mundo que alteram a sociabilidade, nesse mundo em que a digitalização da vida é algo cada vez mais atraente e, em muitos casos distópicos.
Essa postagem tem o objetivo de contribuir para que mais pessoas compreendam a lógica a que estamos imersos, no interior daquilo que genericamente chamo de "plataformização".
É um processo que se utiliza de instrumentos técnicos-digitais para fazer a intermediação seja como "meio de produção" (Modo de Produção Capitalista, entre produção-distribuição e consumo) e/ou como "meio de comunicação" entre as pessoas, em que as redes sociais passaram a servir e ter mais influência do que os meios de comunicação, antes chamadas "comunicação de massa", da mídia corporativa, que hoje faz parte de uma lógica mais complexa, densa e que abriu espaço também, e paradoxalmente, para a desinformação (fake) e para a manipulação política.
A plataformização está entre nós e precisamos compreendê-la. Há muitas dimensões de análise para nos aprofundarmos nesse fenômeno contemporâneo que hoje serve mais à concentração e acumulação de capital e à produção de fascistas, a despeito de interessantes e importantes esforços contra-hegemônicos que precisam ser apoiados e intensificados para transformar a realidade.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247