As mentiras de Bolsonaro e o aumento da desconfiança
Jornalista Tereza Cruvinel comenta a pesquisa Ibope sobre Bolsonaro e avalia que "estão se esgotando simultaneamente o tempo de indulgência da população e o tempo dele para a enganação". "Se falta vergonha e pudor às elites do país, que juntamente com a Lava Jato o ajudaram a sentar-se na cadeira presidencial para evitar o retorno de Lula, ao povo Bolsonaro começa a incomodar com sua estupidez e truculência", escreve a colunista
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A pesquisa CNI-IBOPE que apurou a queda de todos os índices de aprovação do presidente Bolsonaro, com destaque para o aumento significativo da taxa dos que não confiam nele, agora na marca dos 55%, foi fechada na véspera de seu discurso de terça-feira na ONU. Logo, nem refletiu a perplexidade mundial com seu radicalismo insano e com a proclamação descarada de tantas mentiras no púlpito político mais importante do mundo. Bolsonaro mente como um mitômano e suas mentiras devem guardar uma relação direta com o erosão da confiança nele.
Como eu dizia aqui anteontem, parece que agora a batata dele está no forno. Estão se esgotando simultaneamente o tempo de indulgência da população e o tempo dele para a enganação.
Se falta vergonha e pudor às elites do país, que juntamente com a Lava Jato o ajudaram a sentar-se na cadeira presidencial para evitar o retorno de Lula, ao povo Bolsonaro começa a incomodar com sua estupidez e truculência, com sua falta de noção, com suas mentiras e com a perdição de seu governo, que gera perdas de toda ordem para o país e mantém a economia estagnada – apesar das lorotas que ele disse na ONU sobre uma recuperação que não ocorre.
De todos os índices apurados pelo IBOPE, o mais indicativo da saturação da paciência popular é o aumento dos que não confiam nele. Os que confiam já foram 51% em abril, caíram para 46% em junho e agora são 42%. Um decréscimo de 9 pontos percentuais, ao passo que os que não confiam em Bolsonaro cresceram de 45% em abril para 51% em junho e agora são 55%. Um aumento de 10 pontos percentuais.
A avaliação positiva do governo caiu quatro pontos. De 35% em abril para 31% agora. A negativa subiu sete, de 27% para 34% no mesmo intervalo. A desaprovação ao modo de governar também cresceu 10 pontos percentuais, de 40% em abril para 50% agora. Mas são os números da desconfiança os mais expressivos, e devem guardar uma relação direta com a mentira, prática recorrente do presidente e marca de seu governo. A mentira é o corrosivo da confiança, em qualquer relação. Se a do povo está em baixa, imagine-se a dos players políticos globais, a dos investidores e agentes econômicos!
E como ele vem dobrando a aposta no seu modo de governar e de se relacionar com o mundo, como se viu pelo discurso na ONU, seu derretimento agora será uma questão de tempo.
Os fatores internos para o incremento da impopularidade e da desaprovação estão aqui, fermentados por ele mesmo e pela falta de resultados econômicos que atenuem os problemas da vida real. E os externos se multiplicam, vêm do mundo inteiro e de frentes diversos, inclusive da economia global. Faz parte deles agora a abertura do processo de impeachment do aliado Donald Trump. O desfecho de tal processo é imprevisível mas é certo que, tendo que salvar o próprio cargo, Trump não vai gastar um traque agora com sabujos de tal naipe.
Aqui dentro, agora, parece que o forno foi ligo.
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