As falas dos bolsominions pobres contra a vacina

E para essa cegueira do desastre político que confunde alhos com bugalhos, fazem de conta que não ouvem a reflexão: o Bozo manteve o vírus. E, portanto, quem conserva, cria



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A experiência nos ensina que não devemos somente zombar da ignorância da direita, dos absurdos que falam e gritam, pois a história nos adverte que o combate à escuridão tem que ser levado a sério, se não quisermos afundar entre as trevas. Os bárbaros fazem um movimento de crimes, de assalto à democracia, apesar da sua miséria cultural, apesar da indigência do mundo em que acreditam.   

O filósofo Theodor Adorno bem avisou em palestra de 1967: “Não se devem subestimar esses movimentos devido a seu baixo nível intelectual e ausência de teoria. Creio que seria uma falta total de senso político se acreditássemos, por causa disso, que eles são malsucedidos. A propaganda é genial, sobretudo pelo fato de que, nesses partidos e movimentos, ela nivela a diferença, a diferença inquestionável entre os interesses reais e os falsos objetivos simulados. Assim como outrora com os nazistas, a propaganda é realmente a substância mesma da coisa."

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Isso me vem a propósito da discussão e comentários que tenho visto contra a vacina, em grupos de pessoas de baixa renda. A vontade que dá é de nem corrigir a ortografia e concordância do que copio a seguir. Mas não sigamos a vontade, guardemos apenas a essência do que falam:  “Estamos em uma democracia, eu não tomarei a vacina. Eu não sou obrigado a tomar vacina”. 

Muito bem! Veem como se torce o significado da democracia para um lugar e governo dos que conspiram contra as leis democráticas? Percebem? É o mesmo argumento dos que batalham por espalhar a ideologia nazista, que mata e proclama que os homens são desiguais por motivo de raça, cor e credo, porque afinal estamos numa democracia! Também veem que o comentário acima é uma reprodução adaptada do que o fascista na presidência fala: “Estamos numa democracia. Eu não vou obrigar ninguém a tomar a vacina”.

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Isso fortalece os bolsominions populares que concedem no máximo: “Quem quiser tomar, tome. E quem não quiser não tome, ninguém é obrigado a nada”. 

Ora, nisso se perde a dimensão inalienável que vivemos em sociedade, que somos um povo, apesar das divisões e divisas que descem do Planalto. Se assim vivemos em conjunto, temos que cumprir leis gerais, sem adaptações a conveniências anárquicas. Se eu não me vacino, eu sou um transmissor do vírus que outros não podem nem querem ter. A isso respondem, acreditem os que me leem: “A culpa das mortes é dos governadores e prefeito comunistazinho de merdas que preferiram matar que curar. Covardes, o presidente liberou a verba pra todos os estados e o STF proibiu o presidente de agir. Não fiquem emprenhando pelos ouvidos”. 

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A esta altura, percebam a vitória parcial da mentira, que põe no STF a culpa da falta de ação do coisa que habita a presidência. Mas de tal modo é a propagação da falsidade, que o Supremo divulgou em nota na segunda-feira 18 de janeiro: “A Secretaria de Comunicação Social do Supremo Tribunal Federal (STF) esclarece que não é verdadeira a afirmação que circula em redes sociais de que a Corte proibiu o governo federal de agir no enfrentamento da pandemia da Covid-19.

Na verdade, o Plenário decidiu, no início da pandemia, em 2020, que União, estados, Distrito Federal e municípios têm competência concorrente na área da saúde pública para realizar ações de mitigação dos impactos do novo coronavírus. Esse entendimento foi reafirmado pelos ministros do STF em diversas ocasiões.

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Ou seja, conforme as decisões, é responsabilidade de todos os entes da federação adotarem medidas em benefício da população brasileira no que se refere à pandemia”. 

Então continuam os bolsominions populares, fazendo da verdade a sua negação, transferindo a carapuça que os democratas lhes põem: “Que ignorância! Então foi Bolsonaro que criou o vírus!”

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E para essa cegueira do desastre político que confunde alhos com bugalhos, fazem de conta que não ouvem a reflexão: o Bozo manteve o vírus. E, portanto, quem conserva, cria.  

Para a defesa do criador do gado, reclamam, piedosos e hipócritas; “Eu não entendo a humanidade. Queriam a vacina, hoje já termos. E o povo fazendo discussão sobre a vacina. Vamos ter fé!”.  

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A isto, o bom senso e justiça responde: “A pessoa tem direito a ser burra, não se vacinar, se não quiser. Mas isso não lhe dá o direito de colocar os colegas de trabalho e clientes em risco”.

Para quê?  Respondem com este primor de “lógica” e “informação” científica: “Mas se todos que tomam vão estar imunizados, qual o medo por estar perto de quem não quer tomar?” .

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Falam tal barbaridade sem saber ou desejar a lição de que a vacina leva um tempo para desenvolver a imunidade no organismo, que as duas vacinas autorizadas contra o coronavírus requerem duas doses, administradas com várias semanas de intervalo. Não sabem sequer que as semanas de intervalo podem durar meses, pelo andar da incompetência do governo Bozo.   

Em resumo, a luta de esclarecimento, de propaganda da ciência, tem que se manifestar em todas as frentes, das artes, do jornalismo, da literatura, do teatro, do cinema, da televisão, da mídia social. Temos que levar luzes até mesmo para quem só deseja a luz do fogo do inferno. É uma luta sem quartel, a começar nos grupos da internet onde gritam e expõem a ignorância. Aqui, mais uma vez, o conhecimento da miséria tem que falar para a miséria do conhecimento.  

Ou como falou um popular, à sua maneira: “Este presidente só fala besteira, agente que paga o parto”. 

De uma forma ou de outra, esse popular acertou. A gente e agente pagamos o parto ou o pato, se desprezarmos a estupidez que se levanta.  

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