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As águas turvas da Lava Jato

Sergio Moro e Deltan Dallagnol
Sergio Moro e Deltan Dallagnol (Foto: Marcos Corrêa/PR | Pedro de Oliveira/ALEP)
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A cassação de Deltan Dallagnol do mandato de deputado federal colocou um freio de arrumação entre os que ainda acreditavam em efeitos positivos da justiça da 13a Vara de Curitiba. Espernear, pôr a boca no trombone, reclamar contra os desembargadores do TSE, nada adiantou. Os sete magistrados, em decisão pensada e bem fundamentada, provaram que, para chegar tão longe (em tão pouco tempo), o antigo procurador trilhara atalhos que mal disfarçaram espertezas para não se fazer notar. Como há muito já se devia saber, Dallagnol e seu parceiro, Sérgio Moro, se revelaram mestres nas tramoias, eficientes somente para botar Lula na cadeia e afastá-lo das eleições. 

Uma rápida visão das audiências da juíza Gabriela Hardt, trabalhando sob a inspiração da dupla, oferece muito além da atmosfera de pesadelo kafkiano que cercou o ex-Presidente quando o prenderam na cela da Polícia Federal. Sem qualquer prova palpável, aqueles quadros da turma da suposta anticorrupção, lutavam para torcer as peças pelo avesso e tirar leite de pedra, uma vez que, concretamente, não lidavam com um bandido, como desejavam simular. A jovem magistrada, se dava ares de dona da verdade, não obstante não localizasse nada que viesse a incriminar o réu. Para as intenções explicitadas, a ausência de fatos concretos não significava coisa nenhuma. Bastava empurrar a vítima ao limite da resistência e lograr que renunciasse para sempre aos projetos políticos. Ganhar tempo e bater na mesma tecla até dobrar a espinha do velho dirigente, consistia numa técnica que Moro exercitara com o apoio de seus comparsas. A fantasia kafkiana perdurou enquanto o olhar dos verdadeiros magistrados, não se reequilibrava e não se escandalizava com as dimensões do escândalo. 

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Que a história tenha se virado contra aqueles algozes espanta pelo volume dos sucessos de um lado (a reafirmação de Lula reeleito Presidente) e pelo desastre na atuação parlamentar do ex-deputado e do ainda senador. Ambos devem registrar agora o prestígio de Cristiano Zanin, indicado à vaga de Levandowski para o Supremo. Não há condições no Senado para riscá-lo do mapa. Lula merece a indicação e seu advogado também. Outro talvez não houvesse persistido, ido longe, como foram, na defesa de uma causa. A subida da rampa no dia da posse, a mais inesquecível da nossa história, fornece a sensação de uma correção de rumo do Destino, com poucos detalhes a retocar. É bom que a Sra. Gabriela Hardt se retire de seu campo de batalha em Curitiba. Foi longe demais na associação com os cúmplices e pode tropeçar nos próprios sapatos. 

Armações às vezes chegam longe e não poupam as vítimas. É preciso força e persistência para lhe suportar o esmagamento. Novamente recorrendo a Kafka, sabemos como, nesse sentido, a vida pode ser cruel, antes que a pessoa erga a cabeça e se levante depois de tantas catástrofes. Por sorte, aqui, tínhamos, nesse ponto, um ser extraordinário, consciente do que lhe acontecia e disposto a não dobrar a espinha. Nadando nas águas turvas da operação lava jato, ficará como a figura notável que venceu opressores e mudou a face do país.

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