Arminio Fraga pede coragem, mas sua turma deixou Joaquim Barbosa sozinho

"Fraga sabe que, desde muito antes do golpe de 2016 contra Dilma Rousseff, um dos artigos mais em falta no Brasil é coragem".escreve Moisés Mendes

Arminio Fraga
Arminio Fraga (Foto: REUTERS/Rodrigo Paiv)


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Por Moisés Mendes, para o 247 

Arminio Fraga descobriu que a sequência de crimes cometidos pelo Congresso em conluio com Bolsonaro só acontece porque “falta força e coragem para enfrentar o populismo barato”.

Fraga sabe que, desde muito antes do golpe de 2016 contra Dilma Rousseff, um dos artigos mais em falta no Brasil é coragem.

O ex-presidente do Banco Central também sabe que nunca antes os covardes foram tão valentes no Brasil para o livre exercício das suas covardias.

Orçamento secreto e PEC Kamikaze, citados como exemplos de barbaridades, não resultam apenas da covardia do Judiciário, o alvo de Fraga.

A covardia geral é que permite que Bolsonaro, os militares e o Congresso façam o que têm feito. Falta coragem às elites, na sua definição genérica, para conter o avanço do fascismo.

Arminio Fraga é, como pensador liberal e empresário, expressão dessa elite. Mas se atém às questões econômicas, preocupado com sequelas fiscais, inflação e outros efeitos da ação das quadrilhas articuladas do Planalto, da Câmara e do Senado.

Não há, na entrevista que Fraga deu ao Globo, nada sobre as outras áreas e os outros crimes. A elite que ele representa só ergue a voz para falar de ataques aos fundamentos da economia.

Não há uma frase sobre os ataques à democracia. Apenas eventualmente, como o próprio Fraga já fez, há referências pelas bordas a outros crimes cometidos pelos fascismo no poder em relação ao meio ambiente. Mas esse e outros temas ficam na periferia das conversas.

Fraga sabe que a PEC Kamikaze só existe porque Bolsonaro continua forte para agir, enquanto o centrão é pago para saquear o que pode, e o Brasil que deveria falar se mantém calado.

Se os empresários, a OAB, a Igreja e a turma que Fraga representa tivessem um pouco de coragem, Bolsonaro não teria o controle quase absoluto do Congresso.

Falta coragem para que, na carona do ex-ministro Joaquim Barbosa, gente com o mesmo peso diga que os militares devem ficar quietos.

Barbosa pediu essa semana que os fardados se calem, porque não é tarefa dos generais dar palpite em eleição. Frustraram-se os que achavam que, inspirados no ex-ministro do Supremo, outros diriam o mesmo.

Não dizem porque falta coragem, mesmo que a turma de Arminio Fraga tenha força. É uma vitalidade usada para outros fins, para abordagens de quem só vê economia, PIB, juros, câmbio, dívida pública.

“É uma visão superficial e oportunista”, disse Fraga sobre a PEC que tenta salvar Bolsonaro com as esmolas pré-eleição.

É possível devolver ao seu autor a mesma acusação. É pontual, superficial, inconsequente e oportunista toda abordagem que leva em conta apenas os crimes políticos contra a economia.

O ataque aos covardes que não enfrentam os populistas foi dirigido principalmente ao Judiciário, que não consegue e/ou não quer conter desmandos do bolsonarismo no governo e no Congresso.

É o que temos para o momento. Uma voz representativa do Brasil rico atacando a Justiça pela falta de coragem.

A elite que não enfrenta Bolsonaro e os militares, diante das repetidas ameaças de golpe e de ataques ao TSE e ao Supremo, critica o Judiciário por não fazer o que deveria ser feito.

O que começa a sobrar no Brasil é a coragem de alguns acovardados para apontar a covardia dos outros.

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