Apoiar Maia é apoiar um entusiasta do golpe
"Apoiar Rodrigo Maia não é só apoiar um legítimo representante da nossa elite política medíocre, reacionária e predatória. É apoiar um entusiasta do golpe e um fiel instrumento de todo o desmonte da Constituição promovido pelo governo Temer", diz o colunista do 247 Luis Felipe Miguel sobre a decisão do PCdoB e considerada por uma parcela do PT na Câmara; "Foi criada uma linha divisória forte, entre os que compactuam com o retrocesso e quem luta pelo restabelecimento da plenitude democrática. Qualquer embaçamento dessa linha enfraquece a resistência popular", afirma
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Isto é só o PCdoB sendo PCdoB. Mas também é o caminho apontado por boa parte da bancada do PT.
Apoiar Rodrigo Maia não é só apoiar um legítimo representante da nossa elite política medíocre, reacionária e predatória. É apoiar um entusiasta do golpe e um fiel instrumento de todo o desmonte da Constituição promovido pelo governo Temer.
O argumento é que, sem apoiar um favorito, são perdidos cargos na mesa diretora, portanto verbas de gabinete, contratação de assessores etc.
Mas ninguém ignora o impacto que esses acertos com os golpistas têm na luta popular. Podemos perguntar: por que a classes trabalhadora, o estudantado, as mulheres, a população negra, a intelectualidade, as periferias têm que resistir, desobedecer, enfrentar a repressão, enquanto quem nos "representa" fica de amigação com o outro lado? Se houve um golpe, como certamente houve, está interrompida a política "normal".
Foi criada uma linha divisória forte, entre os que compactuam com o retrocesso e quem luta pelo restabelecimento da plenitude democrática. Qualquer embaçamento dessa linha enfraquece a resistência popular.
Faz lembrar de um velho teórico político conservador, Robert Michels, que há mais de cem anos alertava para o risco da "oligarquização" das organizações políticas com compromisso transformador. Seus dirigentes tornam-se parte da elite, têm privilégios. O enfrentamento com a ordem vigente torna-se, para eles, cada vez menos compensador, já que a permanência no status quo concede tantas vantagens. É o que está por trás da decisão de apoiar Maia. Da ótica de quem está com um mandato na Câmara, perder cargos, verbas e assessores parece um preço alto demais a pagar - pode ser melhor sacrificar a autoridade moral para se pronunciar contra o golpe.
(A obra de Michels peca por simplificações e naturalizações excessivas, mas pode ser lida a contrapelo e contribuir para uma análise crítica da representação política. Para quem se interessar, tenho um artigo sobre o tema (http://www.scielo.br/pdf/rbcpol/n13/a06n13.pdf).
* Publicado originalmente no Facebook do colunista
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