Aplique-se, senhor Jair

"Não queremos o aumento do feminicídio, a troca de tiros no trânsito e as mortes acidentais de crianças que agora passam a ter acesso às armas. Elaborar um decreto que estimula a matança indiscriminada, o embaralhamento das investigações - naquele ponto em que agora não existe mais armas de “uso exclusivo das Forças” – chega a ser temerário", pondera a colunista Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia

Aplique-se, senhor Jair
Aplique-se, senhor Jair (Foto: PR)


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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia - “Se for inconstitucional, tem que deixar de existir”. A frase, quase singela, não fosse proferida por quem foi, parece papo levado num bar, depois de seis rodadas de chope. Ora, senhor Jair!!! Este foi o seu carro-chefe de campanha! Arma para todos! E, vale lembrar, a eleição se deu em outubro de 2018. Tendo sido a sua principal promessa, já teria dado tempo de o senhor - caso de fato estivesse disposto a trabalhar ou, no mínimo, coordenar um grupo de trabalho - elaborar um decreto que não avançasse sobre os direitos do cidadão, sobre as leis e a nossa Constituição soberana. 

Sabemos que o senhor não está lá muito disposto, pois acha que nasceu mais para a carreira militar. (Há controvérsias, pois dela foi expulso). Mas, já que “Deus” o colocou aí (anda entendendo bastante de informática, esse Deus). Teria sido interessante consultar à Advocacia Geral da União, que tem exatamente a função de orientá-lo. Veja o que diz lá no institucional: “Nos termos do art. 131 da Constituição, "a Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo."

Claro que nós nos sentimos aliviados com esses seus vacilos ou inapetência para o poder, ou maior vocação para o twitter ou, seja lá o que for que lhe acomete. Não queremos o aumento do feminicídio, a troca de tiros no trânsito e as mortes acidentais de crianças que agora passam a ter acesso às armas. Elaborar um decreto que estimula a matança indiscriminada, o embaralhamento das investigações - naquele ponto em que agora não existe mais armas de “uso exclusivo das Forças” – chega a ser temerário.

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Mas, convenhamos, expor-se a todo o momento a idas e vindas, não só nos leva a chamar Deus às falas (Onde você estava em 28 de outubro de 2018? De férias???) como a ficarmos cada vez mais convencidos de que ao faltar aos debates e evitar perguntas mais técnicas a respeito de governo e a arte de governar, o senhor estava mesmo era se protegendo de expor a sua total ignorância sobre tudo. Está na hora de o senhor se inteirar sobre o que diz a Constituição do país, sob pena de temermos que a tenha rasgado em definitivo. E, se “Deus está acima de tudo”, nós estamos abaixo dela e lhe devemos obediência. Inclusive o senhor, seu Jair

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