Aos trancos e barrancos, direita tenta unidade; e a esquerda?

Direita tenta uma convergência para as eleições. A iniciativa é dos mesmos tucanos que foram os articuladores e líderes do golpe de 2016; lançam um manifesto hoje (5); o texto é pífio, mas é uma tentativa de união, escreve o articulista Mauro Lopes, editor do 247; e a esquerda? o que espera para buscar um programa mínimo comum que possa unir os democratas?

Direita tenta uma convergência para as eleições. A iniciativa é dos mesmos tucanos que foram os articuladores e líderes do golpe de 2016; lançam um manifesto hoje (5); o texto é pífio, mas é uma tentativa de união, escreve o articulista Mauro Lopes, editor do 247; e a esquerda? o que espera para buscar um programa mínimo comum que possa unir os democratas?
Direita tenta uma convergência para as eleições. A iniciativa é dos mesmos tucanos que foram os articuladores e líderes do golpe de 2016; lançam um manifesto hoje (5); o texto é pífio, mas é uma tentativa de união, escreve o articulista Mauro Lopes, editor do 247; e a esquerda? o que espera para buscar um programa mínimo comum que possa unir os democratas? (Foto: Mauro Lopes)


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Será lançado hoje (5) à tarde um manifesto pela união da direita nas eleições (os direitistas chamam-se a si mesmos de “centro”, mas isso é, como dizia minha avó, conversa pra boi dormir). O texto apresenta uma proposta de programa mínimo comum da direita. Antes de entrar no conteúdo, cumpre observar que ele reafirma a pretensão dos tucanos de serem a força hegemônica na direita brasileira.

A ideia do manifesto foi deles, especialmente do deputado Marcus Pestana, de Minas Gerais, um “aécio boy” e de Fernando Henrique Cardoso. Somam-se aos dois, como signatários primeiros, Aloysio Nunes Ferreira, que se tornou a face mais truculenta da direita nacional travestida de “chique” e Cristovam Buarque, que de queda em queda terminou no “puxadinho” do PSDB, o PPS.

Articulador e líder do golpe de Estado contra Dilma Roussef a partir da noite mesma da derrota de Aécio, em 26 de outubro de 2014, os tucanos entronizaram Temer na falta de melhor alternativa que coubesse minimamente no discurso do “impeachment”. Pretendem, agora, liderar a união da direita para manter a hegemonia no pós-golpe. Tudo é feito com a arrogância e empáfia tucana, que não escuta nem consulta ninguém. Ontem, véspera do lançamento do manifesto, o ministro Carlos Marun, responsável pela articulação política do governo Temer, queixava-se abertamente de não ter sido informado, consultado ou convidado a participar da iniciativa do PSDB (aqui). Ou seja, os tucanos querem forjar a união da direitas distribuindo bicadas “a torto e à direita”.

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Quanto ao conteúdo do manifesto, divulgado previamente por um jornalista-símbolo da direita nacional, Reinaldo Azevedo (aqui):

1. O texto, com 17 pontos, começa com uma contradição em termos. Aqueles que afrontaram a democracia com o golpe de 2016 e transformaram a maior liderança do país em preso político afirmam-se comprometidos até a raiz dos cabelos com a ”defesa intransigente da liberdade e da democracia”. Da mesma maneira tecem loas à luta “contra todas as formas de corrupção” –como papel não cora, vale toda a cara de pau do planeta.

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2. Repete-se o surrado mantra neoliberal de privatização, redução do Estado, ajuste fiscal, reforma da Previdência.

3. Defesa do alinhamento internacional aos interesses dos EUA.

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4. Discurso “prendo-arrebento” em segurança pública.

5. Defesas retóricas da educação pública, do sistema público de saúde, do Minha Casa, Minha Vida, do Bolsa Família e do combate à miséria, enquanto todas estas prioridades foram desmanteladas no governo FHC e agora no governo Temer/PSDB .

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6. Reforma política sem definição de seus contornos.

7. Desenvolvimento sustentável combinado com “maior celeridade às licenças” ambientais para os empreendimentos agro-industriais e industriais.

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8. Defesa genérica da administração pública.

O manifesto é fraco, pífio. É mais revelador pelo que esconde. Não menciona, por exemplo, a sangria dos recursos públicos para o pagamentos dos juros escorchantes da dívida pública para os bancos e os rentistas; nem toca na questão da privatização da Petrobras, objeto do desejo dos “investidores” e grandes petroleiras internacionais. Mas estes grupos, banqueiros, rentistas, “investidores” e granes petroleiras são a base política e de financiamento da direita no país –não poderiam mesmo ser incomodados.

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Há, para além de todas as considerações sobre o conteúdo, a relevância do movimento: a direita está buscando algum grau de unificação para a disputa eleitoral.

E a esquerda? 

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Não há registro até agora de conversas com objetivo de plasmar um programa mínimo de unidade das forças democráticas. Cada partido está com seu candidato, seus programas e a dinâmica das relações, especialmente entre PT e PDT, tem sido de atrito, confronto.

O único gesto no caminho de uma convergência foi o de Manuela D’Ávila (PC do B), que ontem (5) ofereceu a desistência de sua pré-candidatura para viabilizar uma união de partidos de esquerda (aqui). Mas, ao menos por enquanto, caiu no vazio.

O único manifesto de convergência na praça é o da direita.

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