Ao pressionar Receita, PF e PGR para salvar o filho, Bolsonaro obstrui Justiça

"Jamais se viu um presidente da República trabalhar com tanto afinco e tão pouca diplomacia para cooptar três órgãos do Executivo que são autônomos por definição, como está acontecendo nesses dias", avalia o jornalista Alex Solnik; "O fato é que ninguém segura Bolsonaro"



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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia 

O delegado da Receita Federal no Porto de Itaguaí, no Rio, José Alex Nóbrega de Oliveira pode perder hoje seu posto. Sua cabeça foi pedida pelo “entorno de Bolsonaro”.

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  O chefe da Receita no Rio, Mário Dehon recusou-se a exonerá-lo e também pode cair.

  Não se conhecem os motivos da investida do Planalto contra o delegado.

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  O porto movimenta 21 mil contêineres por mês, muitos dos quais saem com drogas para a Europa e  entram com armas da Ásia.

  O Coaf, que mandou investigar Flávio Bolsonaro, está sendo transferido do Ministério da Justiça para o Banco Central, cujo presidente foi nomeado por e é amigo de Eduardo Bolsonaro.

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  A chefe do Atendimento na Delegacia da Receita na Barra da Tijuca, Adriana Trilles também está no alvo do “entorno de Bolsonaro”, por ter fornecido dados requeridos para investigações das movimentações bancárias suspeitas do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.

  Bolsonaro também pressionou para emplacar o substituto do chefe da PF no Rio, Ricardo Saadi, depois de seu filho Flávio ser intimado a depor acerca de suas declarações de renda inconsistentes.

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  Jamais se viu um presidente da República trabalhar com tanto afinco e tão pouca diplomacia para cooptar três órgãos do Executivo que são autônomos por definição, como está acontecendo nesses dias.

  Sempre tendo como motivação impedir avanço de investigações que afetam seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, seu parceiro Fabrício Queiróz e milicianos acusados de matar Marielle Franco, o que tentou consumar trocando o chefe da PF no Rio por um apaniguado do Amazonas.

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  Como cereja do bolo, circula a notícia de que o novo chefe da PGR, o subprocurador Antônio Carlos Martins Soares, foi indicado ao pai pelo senador Flávio Bolsonaro, o que provocou um novo escândalo e princípio de rebelião entre os procuradores, que o definem como “trevoso”.

   O espetáculo constrangedor coloca sob suspeita Receita, PF e PGR – há dúvida se terão independência para cumprir seu papel - e evidencia imensa preocupação do presidente com o que poderá acontecer – com ele, sua família e apaniguados – se as investigações prosseguirem.

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  Um procurador da força-tarefa da Lava Jato já insinuou, numa das mensagens do The Intercept Brasil que o cheque de R$25 mil depositado por Queiróz na conta da primeira-dama poderá motivar até mesmo a cassação do diploma presidencial, caso se prove que o dinheiro foi usado na campanha.

  As autoridades responsáveis por esses órgãos estão se opondo às interferências indevidas e a imprensa tem formado muro de arrimo contra as investidas autoritárias do Planalto, mas o fato é que ninguém segura Bolsonaro.

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  Ele vai em frente, não se importando com as críticas, sentindo-se portador de uma suposta carta branca dos eleitores que o elegeram para fazer tudo o que lhe der na telha, sem dar bola à constituição que jurou cumprir.

  Isto é, claramente, obstrução de Justiça.

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