Ao interferir na PF, Bolsonaro repete métodos de Trump para exercício autoritário do poder
"Bolsonaro e Trump cumprem o receituário do ideólogo da direita mundial Steve Bannon, que prevê o controle dos árbitros (STF) e da polícia (PF), como instrumento essencial para o exercício do poder absoluto", escreve o jornalista Ricardo Bruno
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Ainda que surpreenda pelas boçalidades expressas, o comportamento de Jair Bolsonaro na presidência nada tem de original. A leitura de “Como morrem as democracias”, dos professores de Harvard, Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, mostra que até mesmo no episódio de interferência na Polícia Federal, o presidente brasileiro mimetiza as ações de seu ídolo Donald Trump. Em ambos os casos, as instituições – aqui o Supremo, lá o Senado - não permitiram o aparelhamento absoluto da estrutura policial federal. A rigor, Bolsonaro e Trump cumprem o receituário do ideólogo da direita mundial Steve Bannon, que prevê o controle dos árbitros (STF) e da polícia (PF), como instrumento essencial para o exercício do poder absoluto.
“Durante as primeiras semanas de mandato, Trump convocou o diretor do FBI James Comey para uma jantar na Casa Branca, no qual, segundo Comey, solicitou garantias de lealdade. Depois, ele pressionou Comey a encerrar a investigação sobre seu recém-demitido conselheiro de Segurança Nacional, Michahel Flynn; instou o diretor da Inteligência Nacional, Daniel Coats, e o diretor da CIA, Mike Pompeo, a intervirem na investigação de Comey”, afirmam os professores à página 179, quando mostram os esforços de Trump para atrapalhar as investigações sobre as interferências da Rússia nas eleições americanas.
Quando ficou claro que Comey prosseguia na apuração da denúncia sobre a atuação de grupos ligados a Putin no processo eleitoral dos Estados Unidos, Trump resolveu demitir Comey. E tentou emplacar no cargo de chefia do FBI, a polícia federal americana, um dos seus. Aqui há uma diferença enorme em relação ao Brasil. Senadores do próprio partido Republicano impediram a nomeação do que poderia ser considerado uma espécie de Ramagem de Trump, prevalecendo a escolha técnica.
O episódio contribui para entender como funciona o núcleo duro de Bolsonaro, onde cumpre-se não apenas as vontades aparentes do presidente. Mas, fundamentalmente, os ensinamentos da Academy for the Judeo-Christian West, “a escola de gladiadores” criada por Bannon, numa Abadia na região do Lácio, na Itália. Segundo Bannon, alí serão formados “guerreiros da cultura da extrema-direita” para propagar a ideologia do ódio pelo mundo.
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