Antissemitismo e teorias conspiratórias bolsonaristas no Brasil: realidade diária
Comentarista da Jovem Pan reforça o mito de que os judeus controlavam a economia alemã – argumento usado pelo próprio Hitler. Obviamente isto é uma completa mentira
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Serei sucinto, porque muito já foi dito sobre o assunto. Procuro aqui ser o mais objetivo possível então. Fato: ontem, mais uma vez, um jornalista bolsonarista (da Jovem Pan, para a surpresa de ninguém) concedeu declarações antissemitas e inverdadeiras. O público desta emissora é imenso, um dos maiores do Brasil. Assim, o cidadão em questão conseguiu em poucos segundos espalhar para possivelmente centenas de milhares de pessoas mais teorias conspiratórias características da ultradireita. Quem não assistiu ao vídeo, assista porque vale a pena.
Ele reforça o mito de que os judeus controlavam a economia alemã – argumento usado pelo próprio Hitler. Obviamente isto é uma completa mentira. Havia judeus em todas as classes sociais na Alemanha. E entre os mais ricos obviamente havia judeus e não-judeus.
Um artigo do Dr. Albrecht Ritschl, professor de História Econômica da London School of Economics, ajuda a desmascarar esta fábula em seu texto “Destruição fiscal: Tributação confiscatória da propriedade e capital dos Judeus na Alemanha Nazista” (que foi traduzido pela equipe do Museu do Holocausto de Curitiba e publicado em 2019).
A realidade histórica é que a Alemanha se tornou a potência que é hoje graças a dois principais fatores: ao Plano Marshall; e ao processo de desnazificação que limpou as gerações vindouras do esgoto da Extrema-direita. Caros leitorxs, se quiserem saber mais, procurem literatura sobre estes dois processos. Há uma vastidão de artigos e livros que os descrevem e explicam.
Como alguém que imigrou à Alemanha há 16 anos, é neto de judeus alemães e trabalha com educação, sociedade e política, terei o prazer de mostrar aos amigos alemães (judeus e não-judeus) a declaração do cidadão... Será “interessante” presenciar o que eles dirão diante de tamanho antissemitismo e mentira sobre judeus e alemães… Eu explicarei então que lamentavelmente este é o retrato de grande parte do Brasil hoje.
Cabe ainda um adendo: a patética nota da CONIB e da FISESP, instituições que tantas vezes caminham de mãos dadas com a Extrema-direita, confirma mais uma vez como a comunidade judaica brasileira é quebrada em dois: bolsonaristas e antinazifascistas. Em bom português, que “passada de pano” covarde e interesseira…
Parabéns ao trabalho dos grupos ‘Judeus pela Democracia’, ‘Observatório Judaico dos Direitos Humanos do Brasil’, ‘Instituto Brasil-Israel’, ‘Judias e judeus com Lula’ e outros. Vocês representam as judias e os judeus progressistas e humanistas.
E um salve, como sempre, à imprensa alternativa e independente, que publicou rapidamente textos e vídeos condenando a criminosa declaração.
Sigamos na luta diária contra o Ódio e a disseminação de inverdades. Abraços.
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