André Lara Resende vai entrar no debate sobre a taxa de juros brasileira

Como chefe do núcleo de estudos estratégicos do BNDES, ele vai apresentar propostas para reduzir a altíssima taxa brasileira

André Lara Resende e Roberto Campos Neto
André Lara Resende e Roberto Campos Neto (Foto: Antonio Scarpinetti/Divulgação/Unicamp | ABR)


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O economista André Lara Resende, um dos pais do Plano Real, vai entrar no debate sobre a taxa de juros brasileira, que é a maior do mundo e transfere renda da grande maioria da sociedade para os chamados 'rentistas'. Quem me deu a informação, em primeira mão, foi o novo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, a quem entrevistei nesta manhã (o vídeo será exibido pela TV 247 na noite de sábado, às 21h). 

No final da entrevista, quando já havíamos falado sobre seus planos para o BNDES, Mercadante me passou este furo jornalístico: Lara Resende, um dos mais respeitados economistas brasileiros e integrante do conselho do banco, será também o chefe de um núcleo de estudos estratégicos da instituição. A ideia deste grupo, que terá também outros economistas, como Antônio Corrêa de Lacerda, doutor pela Unicamp, será discutir saídas para o baixo crescimento da economia brasileira. E isso passa, obviamente, pela discussão da taxa de juros. Detalhe importante antes que façam qualquer intriga: não se trata de um bunker desenvolvimentista no BNDES, em oposição à Fazenda ou mesmo ao Banco Central. A criação deste núcleo de pensamento econômico foi feita em total alinhamento com o ministro Fernando Haddad e, claro, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Na entrevista, Mercadante explicitou sua posição sobre o tema das metas de inflação. Ele me disse que sempre foi crítico à adoção de metas agressivas demais, porque isso teria, como consequência, a adoção de taxas de juros excessivamente altas. Na sua visão, a inflação do Brasil é ligeiramente superior à dos países centrais, porque o país ainda tem uma economia altamente indexada, em que o passado inflacionário se transmite para o futuro.

Nos últimos dias, como todos acompanharam, o presidente Lula abriu uma discussão pública sobre o Banco Central, porque a taxa básica de 13,75%, que vem sendo mantida por Roberto Campos Neto, é claramente recessiva. E o atual presidente do BC ficará mais dois anos à frente do cargo, em razão da independência aprovada pelo Congresso Nacional. Obviamente, Lula não pode aceitar passivamente dois anos de recessão, num mandato presidencial de quatro anos.

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O peso da taxa de juros também tem tido efeitos sobre o mercado de crédito. Embora as Americanas tenham entrado em recuperação judicial devido a uma fraude contábil, há um efeito dominó se espalhando na economia brasileira, atingindo grandes empresas como Oi, Marisa, Livraria Cultura e a empresa aérea Azul.

Neste contexto, um debate sério e aprofundado sobre a política monetária brasileira e seu impacto no crescimento, com Lara Resende e outros economistas sérios, chega em boa hora. Abaixo, o link da entrevista que vai ao ar às 21h do sábado:

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