Amor necessário

Por ser tão bom, gostoso e necessário que o amor deveria ser respeitado, cuidado, reverenciado, protegido



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O Spotify me inspirou com "Paixão", música que vem lá do sul do país, o conhaque também. Escrever é um prazer, ainda mais para falar de coisas essenciais. Amar é uma delas. Essencial. Sem ele, amor, ao nascer a criança se desenvolve mal - precisa de cuidados e carinho. Amor primordial. Os adultos também precisam de amor, senão a vida se arrasta, nada desliza. O chão da vida torna-se duro, frio. Contudo, muitas vezes procuramos amor e deparamos com desrespeito, violência. O amor deveria ser tema obrigatório nas famílias, escolas. Criar gincanas entre os alunos sobre formas criativas de expressar o amor - ao colega, à professora, pais e irmãos. Quem sabe a turma se empolga e reinventa o gostar ao diferente. O bullying ficaria sem função. E entre os casais? Será que se os homens, ao sentarem numa mesa de bar, trocassem ideias diferentes de amar, expressar, seduzir e conquistar a mulher amada, não seríamos melhor sucedidos? O amor é um sentimento amplo, flexível, largo, comprido - abriga todo mundo. Todos o querem, mas poucos o cultiva. Ele anda muito machucado, violentado, desrespeitado. Vivemos um tempo em que seu contrário foi estimulado. Machismo, misoginia, feminicídio, estupros, pedofilia - abusos em geral. Até trabalho análogo à escravidão entrou na moda. Na política trocou- se o adversário pelo inimigo, o pastor pelo ditador, o marido pelo agressor. Muita coisa se transformou em ódio, vingança. Mesmo assim ele continua vivo nos corações rebeldes, guerreiros. Onde circula tesão, desejo de felicidade, paixão pelo lado bonito, justo, honesto e harmônico da vida, algo dele se apresenta. Emoção necessária para acordarmos com fome de alegria. Tudo isso é que não o deixa definhar. Portanto, saber amar, namorar, deve se tornar temas de debate - ensiná-los aos filhos, vizinhos, amigos. Quem sabe teremos menos assassinatos, estupros, separações. O amor é uma paixão feminina. Todavia, sem que ele passe a ser também uma paixão dos homens, paixão nacional, o ódio e a vingança prevalecerá. 

Descubro muitas coisas interessantes ao tentar investigar o amor, esse sentimento oceânico. Uma delas é que cada um chega com seu embornal, sua matula. Impressões, imaginários próprios que podem não se misturar - se ajeitar com o do outro. Nada é previsivel no amor. Principalmente a forma de amar, as fantasias remontam à romances familiares diferentes. A salada do amor se compõe de muitos ingredientes. Desejos difusos e malucos como: poliamor, querer ser Um, assumir o outro ou seguir descompromissado. Como sobreviver aos estremecimentos quando estranhos entram na linha entre dois? Tempestade, céu nublado. Como recompor? O que não foi bem nessa história? 

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O amor é um sentimento obscuro, o desejo masculino é diferente do feminino. Fomos educadas para gostar de hibernar, nos jogarmos fundo, tocar o inacessível, cheirar o outro em seu âmago, fuçar seu coração, vasculhar fendas, beijar seu interior, Tudo. Enquanto vocês, muitas vezes só querem transar, gozar, relaxar, deleitar. Nada errado, apenas diferente. Embora o amor pede cumplicidade, parceria, dedicação, poucos se educam para ele e seu desfecho. Precisamos aprender a perder. Muitos apelam, agridem e até matam o outro quando esse se demove da parceria. Difícil ser manso quando estamos nos ardendo na fogueira da paixão. Mas se faz necessário. É fácil ser elegante quando os pássaros estão em epifania. Amar é o lugar do prazer quando estamos na mesma fulia de alma. 

Por ser tão bom, gostoso e necessário que o amor deveria ser respeitado, cuidado, reverenciado, protegido. Teríamos menos doenças e gastos ao recuperar todo o mal que sua ausência provoca. Realmente, o ministério do namoro é um projeto político de alto alcance preventivo. Amar é uma função social. 

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