Americanos nunca foram à rua derrubar presidente
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Países prósperos adotam a democracia e sua população sabe o valor da democracia para a sua prosperidade.
Nunca se viu – nem se verá - americanos saírem às ruas para derrubar o presidente eleito.
Eles já sabem desde pequenos que a democracia é inquestionável e inerente à existência da nação.
Quando houve protestos nas ruas pelos direitos civis, nos anos 60, os negros não pediram a queda do presidente e sim que o presidente mudasse a política de direitos humanos.
Nunca se viu, também, ingleses saírem às ruas para derrubar um presidente eleito.
Fosse ele mais conservador ou mais liberal.
Nem americanos, nem ingleses saem às ruas para derrubar presidentes porque isso não é democrático.
E também porque sabem que a estabilidade política proporcionada pelo regime democrático é o fator número 1 do progresso do país.
Contrastando com isso, no Brasil, desde a Proclamação da República, em 1889, tivemos ciclos de democracia e de ditadura.
De 1889 a 1930, 41 anos de democracia.
De 1930 a 1946, 16 anos de ditadura Vargas.
De 1946 a 1964, 18 anos de democracia.
De 1964 a 1985, 21 anos de ditadura militar.
De 1985 até agora, 30 anos de democracia.
Pode ser esta uma das explicações para a estagnação e falta de prosperidade de um país com tanto potencial, riquezas e tamanho.
Cada um dos ciclos procura destruir o que foi feito no ciclo anterior.
Estamos sempre começando do zero.
Continuamos sendo um país de população majoritariamente pobre, mas esse não é o maior problema.
O problema maior é que é uma população que não percebe a relação entre prosperidade e democracia.
E que, na maioria, nem dá bola se é democracia ou ditadura, contanto que tenha seu futebol aos domingos e a sua novela todos os dias.
É preocupante constatar que esses ciclos se repetem, alternadamente.
É preocupante constatar que esse caldo de cultura que está se criando por aqui, baseado na convicção de que o "povo" pode derrubar um presidente saindo à rua, sem obedecer ao calendário eleitoral pode conduzir a um novo ciclo de ditadura.
É inacreditável constatar que políticos estejam estimulando esses movimentos, numa espécie de haraquiri, sem se darem conta de que estão abrindo a caixa de Pandora.
Muitos deles, como Roberto Freire, lutaram para derrubar uma ditadura. E agora atuam, cegamente, no intuito de criar outra.
Não precisa ser, necessariamente, uma ditadura militar. Já tivemos ditadura civil de Vargas e ditadura militar de vários generais.
Ditadura militar não haverá mais.
Isso não quer dizer que não poderá haver ditadura.
Alguma ditadura.
Ou seja, um regime sem eleições para presidente.
A demonização dos políticos é um passo nessa direção. A ideia de que são todos "ladrões" se dissemina facilmente por uma população que tem, no seu dia a dia, duas preocupações.
Homens: o futebol.
Mulheres: a novela.
Não existe democracia sem políticos, no entanto.
Ruim com eles, pior sem eles.
As pessoas que pretendem sair às ruas para derrubar o governo acham, ingenuamente, que num país civilizado e próspero é assim que se faz para a vida melhorar.
Mas não sabem que, ao derrubar o governo fazendo justiça "com as próprias mãos" podem derrubar o regime democrático.
O mais estranho é que muitas dessas pessoas, certamente a maioria, adora os Estados Unidos, vai à Disneylândia, vai à Broadway, vê filme americano, torce pelos atores americanos, compra apartamento em Miami e não consegue perceber que esse país é o que é porque nunca abriu mão da democracia.
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