América Latina e Teoria Crítica
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Coube a Boaventura de Souza Santos a paternidade pela criação das "epistemologias do sul", para fugir do etnocentrismo europeu e norte-americano. O mestre lusitano vem dando um exemplo concreto de sua famosa "hermenêutica diatópica", diálogo multicultural com pesquisadores das nações do sul sobre direitos humanos, democracia e outros temas. Projeto multicontinental que envolve a Ásia, a África, a América Latina e a Europa.
Para Boaventura Santos, nem tanto ao mar, nem tanto a terra. Nem relativismos culturais, nem etnocentrismo europeu. A hermenêutica diatópica é um diálogo entre culturas diferentes, com um pé ficado numa cultura e o outro na cultura estrangeira a respeito de questões isomórficas.
Esta discussão vem à tona em razão do neologismo criado pelos Departamentos de Estudos Culturais ou pós-coloniais: "decolonialidade ou decolonização. Um nova palavra para designar a luta contra a colonização das mentalidades, antes submetidas ao jugo colonial. E o problema que se põe é se seria possível uma ruptura tão completa com o pensamento e os valores das nações colonialistas, a ponto de se poder falar em um novo pensamento autóctone, original, novo.
Neste ponto, a experiência das guerras de libertação das nações , a formação dos estados nacionais, o fim do socialismo real e a retribalização dos antigos estados nacionais não seria uma grande lição no que diz respeito ao abandono dos modelos da modernidade ocidental para "modernização" dos países descolonizados? É possível elaborar um modelo de sociabilidade e de política sem remissão nenhuma aos modelos europeus?
Este ponto.
Até que ponto podemos falar numa nova experiência constitucional latinoamericana ou em transconstitucionalismo, como querem alguns? É possível a elaboração de um pensamento, uma sociabilidade, uma política inteiramente nova nessas nações ex-colonizadas aqui e alhures? - Ou aquilo que chamamos de novo não passa do uso do vocabulário europeu para engendrar novas expressões e formas institucionais? sempre nos termos desse vocabulário?
A esse respeito o debate havido ontem sobre a relação do pedagogia do oprimido e a Teoria Critica pode ser exemplificativa. Até onde se pode reconhecer a elaboração pedagógica de Paulo Freire a presença de elementos da reflexão Frankfurtiana sobre a racionalidade ocidental? O que nos teria a dizer Adorno, Horkheimer, Marcuse, Fromm, Benjamin sobre os acertos ou os erros da Pedagogia do Oprimido, cujas as marcas da situação latinoamericana são muito claras. Como compatibilizar a teoria do discurso racional habermasiano com a diversidade étnica, de genero, religião, justiça das diversas nações americanas e seu patrimonio multiétnico originário?
os teologos da "Teologia da Libertação latinoamericanos foram os primeiros a criticar o etnocentrismo da Teoria crítica e as marcas de nascença da Europa Central. As femininistas e outros "outsiders" também criticaram a Teoria Crítica, como teoria branca, machocentritica e cristã. Apropria Europa e os Estados Unidos tornaram-se um cadinho de inúmeras raças, etnias, culturas muito diferentes entre si. E o enorme risco da injustiça cultural contra minorias e etnias estrangeiras, praticada por um governo de brancos e cristãos reformados. O próprio Habermas chegou a falar em "patriotismo da constituição" como forma de evitar o rolo compressor de uma cultura hegemônica sobre as outras.
Então voltamos ao ponto inicial: o que temos a aprender com a teoria Critica sobre a descolonização de nossas sociedades?
Temos?
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