Ameaças dão o clima na formação do governo Bolsonaro

"Em Brasília, na equipe de transição, de acordo com duas fontes diversas, o clima não poderia ser pior. Já circulam abertamente, a toda hora, entre integrantes da equipe e de atores externos, ameaças de vingança, golpe, impeachment, destituição, violência, com juras de retaliação", diz o colunista Mario Vitor Santos; "Os assédios são de diversas instâncias, entidades e indivíduos. A ala militar, na verdade também dividida, é das mais explícitas em manifestar antipatia pelo eleito, desafeto de longa data"

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Por Mario Vitor Santos, para o Jornalistas pela Democracia - Em Brasília, na equipe de transição, de acordo com duas fontes diversas, o clima não poderia ser pior. Já circulam abertamente, a toda hora, entre integrantes da equipe e de atores externos, ameaças de vingança, golpe, impeachment, destituição, violência, com juras de retaliação. Observadores ao alcance da equipe de transição contemplam boquiabertos o horizonte de problemas, sem conseguir perceber alguma racionalidade. As mensagens de Bolsonaro, os delírios da antidiplomacia do chanceler Ernesto Araujo, vêm também para tentar aliviar essa situação extrema, na ânsia de dissipar “para fora”, contra Lula, o marxismo e o chamado globalismo cultural, as tensões geradas no ninho de conspiratas internas. São válvulas de escape da pressão, na busca de alguma motivação unificadora.

Os assédios são de diversas instâncias, entidades e indivíduos. A ala militar, na verdade também dividida, é das mais explícitas em manifestar antipatia pelo eleito, desafeto de longa data. Diz-se explicitamente que Bolsonaro não é benquisto, nem nunca foi, tendo sido “apenas” eleito.

Do lado oposicionista, não é possível ter muita esperança nessas batalhas. Não vale dizer neste caso ainda que o inimigo de meu inimigo é meu amigo. Os mais acostumados ao jogo político dos partidos e bancadas, ou mesmo à “etiqueta” dos lobbies empresariais mais brucutus, mantêm cautelosa e momentânea distância. Há apenas um aspecto comum nas diversas interações presenciadas e recepcionadas: a truculência e o nível rasteiro das elocuções assustam interlocutores experientes.

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A insatisfação já não é mais restrita aos espaços internos das alas militar, da articulação política, os integrantes do clã e grupos da direita ideológica e ultraliberal. Ao perceber o desgaste rápido da imagem no episódio do amigo motorista Queiroz, o novo Ministério da Justiça emitiu ultimato ao novo chefe de governo. O mesmo foi comunicado, em termos muito claros, por elementos do generalato.

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Qualquer novo evento contribui para envenenar ainda mais as disputas entre facções. É nesse contexto que se podem entender as declarações do pastor Silas Malafaia, “apoiador crítico”, de Jair Bolsonaro. Segundo ele, as opções de Bolsonaro ameaçam suas condições de governar: “Ele vai ter que negociar cargos que não sejam os fundamentais, porque isso é política. Dizer que partidos não vão nomear eu não acho que seja o caminho porque isso é política e ele vai pagar um preçaço (sic)".

E concluiu com dois diagnósticos que soam como ameaças, além de mostrar a radicalidade das desavenças. Ao se referir a Bolsonaro, e à dificuldade de levar adiante algumas de suas promessas mais radicais, reagiu com a informalidade típica do capitão: “Meu irmão, tem que chamar para estudar a cabeça do compadre lá. Porque vai pagar o preço do que prometeu”. De sua entrevista, uma frase deixa transpirar um pouco da desarmonia reinante nas transações por cargos: “Só os generais é que vão nomear?”     

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Porão

A respeito das crescentes plantações na mídia de suspeitas de algum atentado contra o governo ou a pessoa de Jair Bolsonaro, favorecidas pelo clima de cerco e guerra que o próprio estimula, não se pode descartar que entre as farsas se inclua a real existência de algum Cabo Anselmo infiltrado entre grupelhos, com a missão de criar o pretexto para uma virada de mesa. Não seria a primeira vez.

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Registro

Todos os grandes veículos de comunicação apoiam o governo Bolsonaro. Nenhum exerce jornalismo crítico.

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