Alguma lição do jornalismo a jato?

(Foto: Reprodução)


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Com o título “lição da Lava Jato”, a Folha publicou editorial e pergunto o que ela aprendeu com isso? O jornal, tal qual a grande maioria da imprensa, aplaudiu de pé a condução da operação, mesmo com denúncias de abusos desde seu início. As revelações de trocas de mensagens incriminadoras foram bem posteriores, pois quem estava no centro das investigações sabia desde o início que convicções não eram provas. A operação, que já incomodava pelo atentado que fazia à gramática por remover a necessária preposição no meio do nome, mostrou que legislação muito mais importante era solapada.

Por outro lado, no Estadão, alguma visão mais coerente sobre o jornalismo é publicada por seus colunistas. Assim, também questiono se os jornalistas leem as excelentes ponderações de Eugênio Bucci acerca de sua profissão, como feito no artigo O jornalismo além da objetividade (9/3). Em tempos de notícia imediata na ponta dos dedos, é na análise crítica dos acontecimentos e na construção das matérias que se faz o bom jornalismo, que ainda possui público cativo e interessado em saber para além de uma manchete, um título ou uma fotografia. Não faltam boas histórias da contemporaneidade para serem devidamente contadas.

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Um bom exemplo é a entrevista de Reinaldo Azevedo com Lula que saiu do convencional de perguntinhas prontas e respostas esperadas, em função da qualidade de entrevistador e, é claro, do entrevistado. Ainda que na mídia tenha saído como declarações do presidente a emissora de rádio ou a programa de tv, pois omitem a autoria, fato é que Reinaldo conseguiu se estabelecer na crítica opinativa séria, coisa que poucos fazem ou têm coragem de fazer. Em suma, gostei.

Reconheço que uso – e muito – o espaço que os jornalões ainda emprestam aos leitores. Mesmo com algum comentário em tom de elogio, esses veículos não publicam tudo. No início do ano, por ocasião do aniversário do Estadão, escrevi que ainda cabiam cumprimentos ao jornal pelo aniversário, dando parabéns não apenas pela história de resistência e compromisso com a verdade, mas também pelo expressivo espaço plural que proporciona a seus leitores, não limitado ao jornal impresso. As posições políticas, econômicas e sociais, por óbvio, não são de concordância de todos, mas têm sido claras e coerentes. Aproximando-se o sesquicentenário, sugeri desde já iniciar a organização para marcar a efeméride, incluindo, quiçá, expressão mais detalhada destes missivistas contumazes que ali habitam. Mas o jornalismo a jato não permitiu que isso fosse publicado. Nem na versão on-line. 

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