Alemanha: Em direção a um momento decisivo

A revolta social e democrática na França e a mudança da opinião pública alemã sobre a questão ucraniana são as duas principais dinâmicas da Europa

Protesto em Hamburgo, na Alemanha
Protesto em Hamburgo, na Alemanha (Foto: Fabian Bimmer - Reuters)


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Eu estava escrevendo um artigo sobre o que eu acho que são as duas principais dinâmicas na Europa de hoje. A revolta social e democrática na França e a mudança da opinião pública alemã (e européia mais amplamente) sobre a questão ucraniana. Não posso prever aonde essas duas dinâmicas vão levar e ninguém pode ter certeza, exatamente por causa da natureza dinâmica desses dois processos. Pelo contrário, podemos estar certos das enormes repercussões que qualquer resultado desses processos terá sobre toda a situação na Europa e no mundo.

Enquanto escrevia meu artigo, li o discurso da deputada alemão Sevim Dağdelen (do partido esquerdista Linke) no Bundestag, o Parlamento alemão, sobre o evento especial sobre os 75 anos do Plano Marshall. Ao lê-lo, senti que estamos  provavelmente diante, potencialmente, de uma espécie de momento raro, “privilegiado” (ou crítico, se preferir) da História.

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Em tais “momentos”, palavras e atos das pessoas se tornam a “matéria prima” da História, expressando seu significado mais profundo. E, é claro, nenhum escritor pode falar melhor do que a própria História. É por isso que decidi deixar de lado meu texto e me limitar a citar os principais pontos da deputada alemã, sem nenhum comentário sobre eles. É melhor deixar suas próprias mentes e almas avaliarem por si mesmas a importância do que foi dito.

“Depois de 78 anos, chegou a hora de os soldados americanos irem para casa. Todos os outros aliados deixaram a Alemanha há muito tempo”, disse Sevim Dağdelen no piso do Parlamento alemão, o Bundestag.

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“As armas nucleares americanas devem ir”, acrescentou ela, neste evento parlamentar de 31 de março no 75º aniversário do Plano Marshall.

Em 2022, os Estados Unidos tinham 38.500 soldados na Alemanha, em dezenas de bases e outras instalações militares.

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Dağdelen agradeceu aos Estados Unidos por seu apoio na batalha contra o regime nazista, lembrando ao mesmo tempo que “o principal fardo na luta contra o fascismo alemão foi suportado pela União Soviética”, que perdeu mais de 26 milhões de pessoas na Segunda Guerra Mundial, em comparação com 400.000 norte-americanos.

Dağdelen observou que “houve um tempo em que o Bundestag teve mais coragem”, lembrando que, em 2010, o parlamento alemão votou esmagadoramente a retirada das armas nucleares americanas. Mas ela lamentou que essa resolução não tenha sido implementada.

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Dağdelen instou a “romper com a relação existente de extrema subserviência da Alemanha em assuntos de política externa dos EUA, marcada pela guerra, violações do direito internacional e apoio a golpes de Estado”.

“A administração dos EUA dá a impressão de que eles não querem realmente aliados, apenas vassalos leais”, disse ela. “No entanto, cada vez menos países em todo o mundo estão dispostos a aceitar isto. E isso é uma boa notícia”.

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“As bases militares americanas comportam-se como áreas extraterritoriais nas quais a constituição [alemã] não se aplica”, disse Dağdelen.

“Em solo alemão, a assistência é prestada em guerras dos EUA, ataques com drones letais e vôos de tortura, violando o direito internacional”… “E os EUA organizam conferências na Base Aérea de Ramstein na Alemanha como se o Estatuto da Ocupação ainda estivesse em vigor”.

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“Agora, o governo federal alemão se permite ser empurrado diretamente para a linha de fogo pelos EUA, com suprimentos de tanques de batalha Leopard”, ela continuou, acrescentando:

“Agora, o governo federal se recusa a apoiar uma comissão internacional de investigação sobre os ataques terroristas aos oleodutos Nord Stream. Eu digo que os ataques terroristas entre amigos simplesmente não podem ser tolerados”.

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Ela pediu que Berlim defenda sua “soberania democrática”, perguntando: “Por que o governo federal se recusa, mesmo depois de 20 anos, a condenar a guerra de agressão dos EUA ao Iraque como uma violação do direito internacional”?

Ela também se dirigiu ao Ministro das Relações Exteriores da Alemanha: “Por que você, Sra. Baerbock, não está fazendo lobby pela libertação de Julian Assange, que enfrenta 175 anos de prisão nos EUA por tornar públicos os crimes de guerra nos EUA? Por que você não ofereceu asilo ao dissidente Edward Snowden”?

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