Alckmin: uma escolha genial
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Quando Lula insistiu em uma candidatura com Geraldo Alckmin como vice, não faltaram aqueles que apontaram vários problemas, sendo os principais os seguintes: a) Alckmin poderia facilmente se tornar em um novo Temer e golpear Lula em um momento de fragilidade política; b) Tratava-se de um rival político recente, o que poderia desgastar a própria candidatura de Lula pelos ataques recíprocos já trocados; c) Alckmin provavelmente não puxaria votos, fazendo da candidatura de Lula uma empreitada eleitoral quase “solo”.
Lula venceu a eleição e seria justo afirmar que puxou quase que a totalidade de seus votos por seu carisma e projeto político. Mas Lula, ao escolher Alckmin, não pensou nas eleições e sim na governabilidade…
Um indivíduo muitas vezes é levado a atuar em circunstâncias que nem mesmo ele imaginava, sendo recriado e atuando pela imposição de forças históricas que não estão sob o seu controle. Esse indivíduo hoje é Geraldo Alckmin.
Quanto mais abre-se a caixa de Pandora do governo Bolsonaro, mais relevância Alckmin atua no complexo ofício que será governar o Brasil junto com Lula. Ao mesmo tempo, vemos o resultado não apenas acertado, mas genial, da escolha de Lula.
Alckmin tem dirigido a equipe de transição com maestria única e, sem a qual, talvez, Lula sozinho não conseguisse abrir as mínimas possibilidades de um governo factível, tendo minoria nas duas casas.
Além disso, Geraldo tem mostrado enorme coesão e lealdade com o projeto progressista de Lula e demonstra enorme correção, urbanidade, eloquência e respeito junto a todos os protagonistas da sociedade civil. Habilita-se, assim, em talvez tornar-se no mais importante vice-presidente da História da República.
Não possui uma gota do que foi e ainda é Temer. Tem inteligência e sabe muito bem que a Rússia não é mais URSS, além de não se achar “Carlos Magnum e os cavaleiros da távola redonda”. Em suma, é um personagem altamente culto e politizado, além de vir se atualizando em cada milímetro dos desafios que estão por vir.
Caso tudo corra bem e o governo Lula tenha o êxito que todos nós desejamos, seria ele o sucessor natural de Lula. Uma pena que provavelmente não o será, pois de fato não possui raizes tão profundas com a esquerda como Haddad que já tem seu nome nacionalizado e sabe enfrentar com maestria a direita fascista.
Mas essa História está ainda para ser escrita… Com o momento devido, vendo suas possibilidades eleitorais diminutas, Alckmin certamente aceitaria ser novamente vice de uma frente democrática.
O governo Lula ainda não começou e apenas nos cabe fazer apontamentos. Mas na História dessa nação talvez tenhamos, na prática e pela primeira vez, um regime bi-presidencialista. Ao remarem na mesma direção, apenas teremos mais força para debandar o golpismo e a extrema direita que poderá voltar a assombrar a nação com uma hipotética vitória de Trump nos EUA e o ressurgimento do clã Bolsonaro no cenário político.
Mas, enfatizo, esses são apenas apontamentos. Caso tudo corra bem, teremos Boulos assumindo a prefeitura da cidade de São Paulo, o PT finalmente vencendo naquele Estado e retomando o governo de Minas Gerais, enquanto brindamos a eleição de Haddad em 2026. A esperança agora virou possibilidades reais…
Aqui vale, enfim, novamente sublinhar a genialidade política de Lula. Foi capaz de construir uma obra prima que derrotou o neofascismo com as pessoas certas. Que este seu último governo seja sua 9ª sinfonia.
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