Alckmin repete Mário Covas
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Por Paulo Henrique Arantes
O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin está prestes a provar que é um conservador sensato, livrando-se em parte da imagem de chefe de uma polícia truculenta e possuidora de esqueletos no armário. Importante lembrar que Alckmin, em 2015, decretou sigilo de até 15 anos para 26 assuntos da PM paulista, entre os quais alguns relacionados a operações, execução orçamentária e agendas do comandante-geral e do subcomandante da instituição.
Se os temas policiais de fato necessitaram ser escondidos em nome da segurança pública, como se justifica, a atitude de Alckmin foi correta e é usual em qualquer lugar.
“Alckmin é um governador meio reaça, mas correto”, disse em 2014 Plínio de Arruda Sampaio, ainda depois de falecido uma referência da esquerda católica brasileira. Digamos que Plínio e Alckmin são católicos que nunca rezaram para os mesmos santos – um, da linhagem progressista, atuante em reformas de base; outro, apegado a dogmas da Opus Dei.
Fora do PSDB, Alckmin será sempre um tucano, no sentido “clássico” do termo. E esta não é a primeira vez que um pássaro de bico grande e voo curto adere a Lula, ainda que nunca antes ocupando cargo de relevo em chapa eleitoral. Em 1989, Mário Covas jogou todo seu prestígio político em apoio ao petista contra Fernando Collor no segundo turno da eleição presidencial. Como agora, foi uma união contra o mal maior.
Quem viveu aqueles dias lembra-se de que o PSDB dividia-se entre os que pretendiam apoiar Collor e os que queriam fechar com Lula. No primeiro grupo estava Fernando Henrique Cardoso, já com cargo prometido num eventual governo do representante da direita. Covas, candidato derrotado no primeiro turno, bateu duro na briga interna, afirmou que deixaria o partido caso fosse formalizado apoio a Collor. Forçou a sigla a abraçar Lula.
No palanque de esquerda, Covas proferiu discursos contundentes nos inesquecíveis comícios da Praça Charles Miller, São Paulo, em 10 de dezembro, com a presença de Luís Carlos Prestes, e em 13 de dezembro, na Candelária, Rio de Janeiro, ao lado de Leonel Brizola. Fernando Henrique e José Serra também estiveram presentes, mas exibindo sorrisos amarelos.
Na época, Geraldo Alckmin era deputado federal. Hoje, tem a chance de mostrar que a personalidade do seu padrinho político vive nele, o que pode ajudá-lo a superar a imagem de coroinha e protetor de policiais violentos.
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