Ainda o racismo na Folha
O jornal talvez não esteja acompanhando o debate fora de seus alvos muros, e as bolhas furadas, como um ou outro artigo que pipocou em seu espaço de opinião, são apenas soluços para simular uma pluralidade inexistente
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O “Negacionismo da casa-grande”, do coletivo História e Contrapelo, publicado na Folha no início de outubro, disse tudo o que o jornalão precisava escutar para não continuar na armadilha de dar vozes a criminosos em seus espaços. No domingo anterior, o ombudsman relativizou o crime de dar espaço a apólogos do racismo. A Folha já minimizou a ditadura (lembremos da ‘ditabranda’) e continua a defender o governo neoliberal em curso (mesmo com a caixa de Pandora de Guedes aberta), batendo do outro lado quanto à ação política e social, como se tudo não fosse parte de um mesmo plano antidemocrático. A continuar com as benesses daquele que deveria ser o porta-voz do leitor, o jornal passará a ter uma coluna homofóbica e outra nazista, dentro de sua suposta pluralidade de opinião. A Folha insiste nessa tese, quando o que pratica é dar espaço a crimes. Thiago Amparo denunciou o ato, participa do conselho do jornal, mas continua ali trabalhando. O leitor, mais do que confuso, fica desconfiado dos rumos que serão seguidos, por exemplo, com espaço exclusivo para grupos religiosos além dos já mencionados crimes.
Infelizmente, é mais fácil falar sobre o racismo na Folha fora da Folha. O jornal talvez não esteja acompanhando o debate fora de seus alvos muros, e as bolhas furadas, como um ou outro artigo que pipocou em seu espaço de opinião, são apenas soluços para simular uma pluralidade inexistente. Antes de ser política equivocada, racismo e sua apologia, é bom repetir sempre, qualquer que seja o verniz a eles conferido, são crimes.
A crônica de Oswald de Andrade sobre o boxeador negro Jack Johnson, resgatada por Ruy Castro em seu artigo do dia 18/10, já foi objeto de vários trabalhos acadêmicos sobre o racismo entre os modernistas e, ainda, a forma como o preconceito evoluiu ao longo do tempo. Assim, da mesma forma, historiadores do futuro poderão usar as páginas de opinião da Folha para verificar como se perpetuou a naturalização do racismo, um século depois, entre editores e alguns articulistas.
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