Ainda é muito cedo para comemorações

Gestores das IESs deveriam se acautelar diante da possibilidade (iminente) da deflagração de uma greve nacional dos docentes universitários. A primeira, aliás, desse segundo mandato da presidente Dilma

Gestores das IESs deveriam se acautelar diante da possibilidade (iminente) da deflagração de uma greve nacional dos docentes universitários. A primeira, aliás, desse segundo mandato da presidente Dilma
Gestores das IESs deveriam se acautelar diante da possibilidade (iminente) da deflagração de uma greve nacional dos docentes universitários. A primeira, aliás, desse segundo mandato da presidente Dilma (Foto: Michel Zaidan)


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No contexto de ajuste das contas públicas e demora no repasse de verbas para o funcionamento das universidades públicas, os gestores das IESs deveriam se acautelar diante da possibilidade (iminente) da deflagração de uma greve nacional dos docentes universitários. A primeira, aliás, desse segundo mandato da presidente Dilma. A situação não é nada boa: nem do ponto de vista de manutenção das universidades, nem do ajuste de salário, haja vistas uma inflação de quase 8% ao ano. Diante da crise (e do ajuste fiscal), duas posturas são esperadas, a do reitor que, comprometido com os interesses e necessidades da comunidade acadêmica, apoia esse movimento, fazendo-se solidário com ele; e o papel de gerente interno do governo federal. Qual desses papéis, esse reitor reeleito vai desempenhar?

Há dois aspectos relacionados ao histórico desse gestor que merecem ser considerados: primeiro, a docilidade e servidão que tem caracterizado sua gestão, em relação ao governo federal (marca, aliás, do seu antecessor). Apesar do "sorriso de aeromoça", de sua fácil comunicação social e a imagem de "bom moço", o perfil administrativo do atual reitor não deve enganar ninguém: ele é um fiel servidor das políticas do governo federal, não um advogado de sua comunidade acadêmica. Não se espere desse gestor nenhum gesto de autonomia, independência ou coragem no que diz respeito à defesa intransigente das reivindicações dos professores, estudantes e funcionários.

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Ele deve se comportar como um servidor (ou serviçal) perante o MEC e a política de contingenciamento dos recursos federais. 0 outro aspecto está associado à legitimidade (ou o custo dela) de seu segundo mandato. E aqui a coisa se complica. Os métodos utilizados na campanha eleitoral e a forma de angariar votos entre docentes e discentes nos vários centros da UFPE tornam essa legitimidade comprometida.

As redes de clientelismo que existem e que foram reforçadas durante a campanha eleitoral começam na própria reitoria da instituição universitária, passam pelas pro-reitorias e pelos seus diretores, pelos órgãos suplementares da UFPE, pelas demais "campi" da nossa universidade, se estendendo pelos centros e suas diretorias, coordenações de cursos e chefias de departamentos. Essas redes são abastecidas por um fisiologismo de corar os deputados evangélicos, comandados pelo sr. Eduardo Cunha.

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E não se trata de grandes promessas ou prioridades administrativas. São cargos, editais de pesquisa, bolsas, equipamentos, etc. Essa é a moeda de troca das redes clientelísticas da UFPE. Como a experiência histórica tem fartamente demonstrado, esse tipo de apoio é precário e custoso, não merece a menor credibilidade. Quem troca cargos por apoio sabe quão inseguro e temporário é esse apoio.

Diga-se, de passagem, que os reitores que se elegeram já na época de Lula e de Dilma frustraram profundamente os anseios da comunidade universitária. E se tornaram consultores e conselheiros do governo federal. É o velho e conhecido fenômeno do "transformismo". Uma vez investidos do cargo de dirigentes universitários, num passe de mágica, mudam de lado e passam a tratar os docentes e discentes na base do troca-troca.

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Menção especial vai para o atual presidente da Associação dos Docentes da UFPE, prof. Gilberto. Este militante sindical não só procurou desacreditar os apoiadores da candidatura do professor Edilson, através de várias acusações, como hipotecou publicamente o seu apoio ao atual reitor. Quem precisa de um dirigente sindical, como esse, num momento de turbulência e dificuldades para o financiamento das IESs, como o que estamos prestes a atravessar? – Já se vê que sua postura deve ser a defesa incondicional do seu candidato, à frente da reitoria da UFPE.

Se não fosse um militante histórico – desde o Congresso de fundação da Andes, na cidade de Campinas (SP) nos idos dos anos 80 – da minha categoria profissional, eu me desfiliava dessa entidade em protesto à conduta desprimorosa desse dirigente sindical.

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Por tudo, ainda é muito cedo para comemorar. Ganhar não é tudo. Mais importante é honrar os compromissos assumidos publicamente com aqueles que acreditaram nas promessas do vencedor.

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