Agora é Haddad ou Bolzonazi

"A campanha entra assim, finalmente, na reta final, em que os olhos estarão postos nas tendências de transferência dos votos do Lula para Fernando Haddad, agora a partir da referência clara de que ele é o candidato do Lula", avalia o sociólogo Emir Sader, colunista do 247; "Se a vitória deste estava plenamente desenhada para acontecer no primeiro turno, a substituição do sue nome pelo do Haddad com pouco tempo antes do primeiro turno, abre o momento de transferência dos votos do Lula, que decidirá se a vitória chegará no primeiro ou no segundo turno"

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Foi um processo longo e cheio de peripécias, mas finalmente o quadro eleitoral foi definido, a pouco mais de um mês para o primeiro turno e cerca de um mês e meio para o segundo. Esse longo processo foi definindo polarizações, até que o primeiro turno se assemelha já a um segundo, conforme os candidatos foram revelando suas potencialidades e limites.

A direita não conseguiu um candidato que expressasse a rejeição da política e dos políticos, que foi construída a partir das manifestações de 2013 e que poderia dar o favoritismo inclusive contra o Lula, caso esse nome fosse encontrado. Esse fracasso gerou um clima de pessimismo na direita, conforme foi tendo que se contentar com nomes da velha politica, como Alckmin e Alvaro Dias.

Bolsonazi se valeu disso para ocupar o lugar da resistência ao Lula e ao PT, conforme Alckmin não conseguia entusiasmar nem a seu próprio partido e aos eleitores tucanos. Alimentado por essa circunstancias, Bolsonazi soube ocupar o noticiário com suas declarações extremistas, que lhe valeram o apoio dos setores médios e inclusive alguns de origem popular, com o peso forte nas questões de segurança. Mas, ao mesmo tempo, gerou forte rejeição entre as mulheres, assim como entre setores moderados da direita. Sem poder contar, ao contrário dos seus congêneres de outros países, com o tema do emprego, ficou reduzido a um eleitorado já cativo da extrema direita, insuficiente para projeta-lo como possível ganhador, salvo nas pesquisas folclóricas que excluíam o Lula e não incluía Haddad como seu candidato.

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Alvaro Dias e outros candidatos menos conhecidos tentaram ser os candidatos da Lava Jato, sem se dar conta que o apoio que essa operação tinha tido, havia ficado muito para trás. Terminam sem apoio popular e sem apoio político.

Na esquerda, vários candidatos apostaram que Lula seria proibido de ser candidato e que eles poderiam herdar seu imenso legado de votos. Ciro Gomes, Marina, Manuela D'Avila, Boulos, embarcaram nessa hipótese e testaram sua popularidade ao longo de muitos meses, sobretudo nos circuitos virtuais, onde ocuparam muito espaços.

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Até que, conforme a perseguição ao Lula e a capacidade deste de transforma-la em fator para projeta-lo como centro da política nacional e do campo da esquerda, os outros nomes foram revelando seus limites. Ciro ensaiou vários tipos de aliança, com grandes empresários e com o centrão, até com setores de esquerda, mas terminou limitado a seu próprio partido, sem sequer conseguiu caudal de votos importante no Ceará. Jogou suas derradeiras esperanças nas dificuldades de transferência de votos do Lula para o Haddad, até que esta vai mostrando sua efetividade e deixando a Ciro solitário com seu nível de preferências obtidos desde o lançamento da sua candidatura, com a dificuldade atual de perder parte delas pelo voto útil em Haddad.

Marina não conseguiu retomar a proposta de uma "terceira via" entre o PT e os tucanos, seja porque o PT se mostrou bem mais forte do que ela e muitos imaginavam, seja porque a polarização perdeu contornos conforme os tucanos se enfraqueceram muito. Marina ficou sem bandeiras, depois que já havia abandonado a da ecologia, desde seu inexplicável silencio desde o desastre de Mariana. Disputa o terceiro lugar com Ciro, sem maiores expectativas de crescimento.

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Boulos e o Psol tinha expectativas relativamente altas, conforme pensavam que poderiam transferir a liderança do movimento dos sem teto para a campanha eleitoral, reproduzindo, de alguma forma, o caminho de Lula, dos movimentos sociais à politica. Terminou, até aqui, e provavelmente até o final, sendo a maior decepção da campanha, sem superar os patamares muito baixos dos candidatos do Psol, ficando inclusive abaixo deles, mesmo quando as pesquisas excluíam a Lula, mostrando que ele sua candidatura não ganhou características de massa e menos ainda condições de receber apoios dos votos do Lula.

Manuela teve projeções constantes no circuitos virtuais, até que o Lula conseguiu recompor parte das alianças do PT no campo da esquerda – incluindo a setores do PSB – e seu nome terminou se somando ao de Haddad na lista articulada pelo Lula.

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A campanha entra assim, finalmente, na reta final, em que os olhos estarão postos nas tendências de transferência dos votos do Lula para o Haddad, agora a partir da referência clara de que ele é o candidato do Lula. Se a vitória deste estava plenamente desenhada para acontecer no primeiro turno, a substituição do sue nome pelo do Haddad com pouco tempo antes do primeiro turno, abre o momento de transferência dos votos do Lula, que decidirá se a vitória chegará no primeiro ou no segundo turno.

Com o respeito aos outros candidatos do campo popular, agora os caminhos se estreitam: é Haddad ou Bolzonazi.

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