Afinal, o que escrever para os capitães-do-mato?
Não há um dia, desde que um certo governo colocou um pouco mais de água no feijão, que as palavras desses articulistas não carreguem resquícios colonizadores
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Como seria escrever um artigo dedicado aos porta-vozes da grande imprensa brasileira, que de tão desgastada com sua imagem de "imparcialidade", se vale nos últimos anos de articulistas que relembram a figura fiel do capitão-do-mato?
Se eu os chamasse de golpistas seria mais do mesmo, pois uma parcela da sociedade já assimilou faz tempo o comportamento unilateral desses carrapatos intelectuais. Se utilizasse palavras polidas, com certo ar de intelectualidade e demonstrasse uma preocupação com o povo brasileiro (ou seria de Miami e Veneza?), aparentaria uma receita batida que deixa os aposentados felizes diante da televisão. E se fossem rotulados de oportunistas, sim um pouco mais brando para o linguajar utilizado por eles, mas não espelharia a capacidade intelectual dos mesmos. Afinal, ser oportunista requer ter o senso de oportunidade. Não sei se chegam a tanto!
Talvez tivesse que jogar mais duro, convocar o povo contra a roubalheira e corrupção que jamais ocorreu em nossa história, levando políticos e presidentes das principais empreiteiras do país para trás das grades. De repente poderia conclamar as massas para sair às ruas em atos contra a presidente eleita, que deixou as instituições fazerem seu trabalho à luz da Constituição. Ou fazer o que eles fazem em todos os seus artigos: demonstrarem que o fato de sermos contrários ao governo nos coloca no pedestal dos verdadeiros brasileiros, defensores da Terra, da Família e da Propriedade.
Mas não há um dia, desde que um certo governo colocou um pouco mais de água no feijão, aumentou a quantidade de pessoas com nível superior para mais de 10% da população, ascendeu milhões de pessoas para uma classe social superior e esteve ao lado dos mais pobres com fabulosos R$ 120,00 reais por mês para garantir comida, que as palavras desses articulistas não carreguem resquícios colonizadores. Eles sentem falta do Brasil subalterno, pois aprenderam a adorar a Colônia de plantão. Eu deveria dar o troco na mesma moeda: falar mal do capitalismo, liberalismo e livre iniciativa, assim da mesma forma que eles generalizam com os progressistas, socialistas e anarquistas. Os capitães-do-mato têm predileção filosófica pela generalização.
Algumas vezes até concordo com eles... estou sentindo falta da empregada na minha casa sem a carteira assinada, que eu pagava aquele salário mínimo que valia perto de U$ 100,00 dólares (sim, eles calculam em moeda estrangeira). Aquela onda de desemprego, pois tinha sempre um amigo próximo para me fazer uns favores e daquele pessoal sem estudo para não duvidarem dos artigos dos porta-vozes da lucidez.
Entre provocações, arremedos e ironias, eu sinceramente não sei qual seria o artigo ideal para confrontar os capitães-do-mato da grande imprensa. Mas considero que somente por chamá-los assim já teria alcançado o meu intento, já que não conseguiria escrever com o mesmo brilhantismo, acidez, torpeza e palavras de efeito. Eu confesso que sou péssimo com esses textos perfeitos, mas reconheço a capacidade de pensar nas pessoas.
Nós vivemos num regime democrático e desta vez os capitães-do-mato não podem nos prender, nos surrar e nos calar. E por mais que tentem não vão impedir que a nossa voz circule pelas redes. Entretanto, não poderia de deixar um singelo recado para eles: capitães-do-mato, saibam que quando eu faço a leitura dos seus textos eu consigo perceber de que lado vocês estão.
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