Afastamento de Cunha não livra STF da vergonha

Se honrassem minimamente suas togas, os ministros da Suprema Corte sentiriam vergonha de só julgar Cunha depois que o bandido cumpriu sua parte no jogo sujo da burguesia brasileira para derrubar a presidenta

Bras�lia - Presidente da C�mara, Eduardo Cunha, fala da decis�o do ministro STF, Marco Aur�lio Mello, de obrigar a instalar comiss�o para impeachment de Michel Temer (Valter Campanato/Ag�ncia Brasil)
Bras�lia - Presidente da C�mara, Eduardo Cunha, fala da decis�o do ministro STF, Marco Aur�lio Mello, de obrigar a instalar comiss�o para impeachment de Michel Temer (Valter Campanato/Ag�ncia Brasil) (Foto: Bepe Damasco)


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Tudo é feito de forma cronometrada e sincronizada para jogar lenha no fogueira do golpe. Cada instituição cumpre à risca seu papel ensaiado no submundo da política.
 
É forçoso reconhecer a precisão desse sistema de inteligência montado no Brasil, mas que conta certamente com ramificações internacionais. 
 
Desde que  foram capturadas pelos que se insurgiram contra a quarta derrota eleitoral consecutiva, as peças golpistas incrustadas no Estado brasileiro sempre se moveram no momento mais favorável ao objetivo de roubar os 54 milhões de votos e o mandato da presidenta Dilma.
 
Qualquer notícia positiva do governo ou relacionada à campanha em defesa do regime democrático sempre foi imediatamente respondida pelo Estado Maior golpista com uma delação de um criminoso, a prisão espetacular de alguém ligado ao governo ou ao PT, ou uma nova acusação sem provas contra um governista.
 
Agora, no último capítulo desse enredo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o verdadeiro comandante do golpe, dá o tiro de misericórdia, denunciando Lula e Dilma, às vésperas da consumação do quartelada parlamentar no Senado.
 
Claro, faz todo o sentido. Para o serviço ser completo, Lula não pode ficar solto. De que adiantaria estuprar a Constituição brasileira se Lula puder concorrer em 2018. Eles sabem que, no voto, não têm a menor chance.
 
Acabo de saber que Cunha, finalmente, foi afastado do mandato e da presidência da Câmara dos Deputados por decisão liminar do ministro Teori Zavascki referente ao pedido de Janot feito em dezembro, isso mesmo, dezembro do ano passado.
 
Se honrassem minimamente suas togas, os ministros da Suprema Corte sentiriam vergonha de só julgar Cunha depois que o bandido cumpriu sua parte no jogo sujo da burguesia brasileira para derrubar a presidenta.
 
Todos os ministros do STF têm conhecimento de que impeachment sem crime de responsabilidade é golpe, que pedalada não é crime ( e mesmo se fosse não poderia servir como pretexto para o golpe porque refere-se ao mandato anterior e a decisão do TCU sequer foi apreciada pelo Congresso). 
 
Não podem ser levados a sério como guardiões da Constituição magistrados que assistem de forma conivente a sórdida violação da lei maior do país. No grampo criminoso do qual foi vítima, o ex-presidente Lula disse que o STF está acovardado, o que provocou a ira de suas excelências.
 
Quem dera se o problema do STF se limitasse ao acovardamento. O buraco é muito mais embaixo. Desgraçadamente para o Brasil,  o Supremo aderiu a um golpe de estado.

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