Aécio não sabe liderar
Seu discurso foi irresponsável ao não se posicionar contrário as manifestações de eleitores seus nas ruas pela volta dos militares ao poder
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Aécio Neves, o homem que políticos tucanos e a imprensa apontam agora como a mais forte liderança da oposição ao governo, não passa de um ressentido, despreparado para ocupar esta posição.
Em seu primeiro discurso no Senado, no lugar de acenar para o caminho do diálogo, proposto pela presidenta Dilma, ele continua no mesmo rumo que traçou durante a campanha, um pregador da discórdia e da divisão.
Aécio não virou a página da derrota nas eleições. Ele incorpora a irresponsável imagem de que agora tudo tem que ser feito para dificultar o governo Dilma e, portanto, a vida dos brasileiros.
Ele não se coloca como um verdadeiro líder, acima de disputas temporárias, com uma visão do que é melhor para a Nação mas, se não em palavras, na prática ele se iguala aos manifestantes de rua que ignorantes da história do país pregam a derrubada de Dilma pela força das armas.
Aécio não honra a imagem de Tancredo, sendo no mínimo irresponsável, ao ter a possibilidade de liderar 51 milhões de eleitores para a participação na construção do país, mas optar por colocá-los mais uma vez na direção do ódio e da vingança, o que só faz sentido para os fracos de espírito.
Sua resposta ao discurso inicial de Dilma de que seu segundo mandato seria marcado pelo diálogo foi a de um homem amargurado. Segundo ele, os que foram intolerantes durante 12 anos falam agora em diálogo.
O que mais me impressiona é que em 8 anos de governo do Lula ele como governador de Minas Gerais se aproximou de Lula, era muito bem tratado e nunca reclamou. Qual é o Aécio real, o que se dizia amigo do presidente e tinha trânsito no Palácio do Planalto ou esse atual que aponta o dedo contra o PT ?
A estratégia de Aécio como oposição é olhar para o passado recente e impor condições. Como se o caso Petrobras já não estivesse sendo devidamente investigado pela Polícia Federal e demais canais competentes, ele condiciona um eventual diálogo à investigação das pessoas envolvidas no que chama de "maior escândalo de corrupção" do país.
Todos nós brasileiros estamos também interessados que as denúncias de corrupção envolvendo empreiteiros e políticos de vários partidos – e não apenas do PT como o senhor Aécio insinua – sejam investigadas, e que os culpados sejam condenados.
Todos queremos que este e inúmeros outros escândalos de corrupção sejam investigados, a exemplo das denúncias sobre o metro de São Paulo, envolvendo empresas internacionais e o governo tucano estadual; o da construção de aeroportos em fazendas privadas, como o da cidade de Cláudio, em MG, além de todas aquelas denúncias amplamente divulgadas com inúmeros documentos no livro Privataria Tucana, etc.
Ao negar em seu discurso que sua candidatura representou o machismo, o racismo, o preconceito, a intolerância, a nostalgia da ditadura militar, ele apenas joga palavras ao vento.
Uma liderança de oposição experiente, traria propostas concretas de melhoria do país, e, acima de tudo, pregaria a paz para aqueles que saíram às ruas com faixas em defesa de um golpe militar. Porque com certeza a maioria, senão todos eles, são seus eleitores.
As Forças Armadas brasileiras tem, no entanto, em suas altas patentes homens cultos e profundos conhecedores da história do Brasil e dos nada fáceis caminhos da conquista da democracia, trilhados por todos nós que vivemos os 21 anos de ditadura e os mais de 20 outros até hoje. Os militares não chegaram onde estão para agir contra as instituições brasileiras.
Aécio não fala de unir os brasileiros, que é o que se espera de um grande líder de oposição, ou no governo. Diz e reafirma que fará " uma oposição incansável, inquebrantável, intransigente na defesa dos brasileiros "mas não explica o que isso significa ".
Ele não cita uma só vírgula a respeito do tema mais importante do momento, a necessidade de uma reforma política, exigida em 2013, não por 2.500 pessoas com cartazes de Abaixo Dilma e Volta dos Militares ao Poder, mas por centenas de milhares de pessoas em todo o país.
Aécio Neves, para ser um verdadeiro líder da oposição à altura de homens que desempenharam com brilhantismo esta função no Brasil como Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, Alencar Furtado, entre outros, deveria dizer o que acha da pífia proposta de reforma que se encontra em tramitação no Congresso, deveria discutir com seus eleitores e todos os brasileiros que pontos numa reforma política vão realmente mudar os destinos do país.
Mas claro que não. Aécio Neves diz que vai defender a liberdade e a democracia mas já avisou que "o decreto dos conselhos populares, enviado ao Congresso deverá ter no Senado o mesmo destino que teve na Câmara, ou seja, o arquivo.
São pífias as críticas de políticos de oposição em relação ao projeto de que esta foi uma maneira encontrada pelo PT para emparelhar instituições e que sua aprovação coloca em cheque o Poder Legislativo. E Aécio embarca neles.
Estes argumentos demonstram total desconhecimento da realidade brasileira que já atua com a participação popular por meio de conselhos em várias instituições, que são indicados por movimentos sociais e pela população e não pelo governo.
Agora se o PT tem mais militantes atuando nos movimentos sociais que militantes tucanos, aí já é outra história. Seria o caso do líder da oposição começar a entender e pregar a importância da participação popular, na prática, nas decisões do país.
Aécio não quer definitivamente combater o bom combate. Para falar bem em nome de 51 milhões de brasileiros - oportunidade que poderia representar sua salvação política - ele necessitaria ter idéias progressistas e revolucionárias.
Tudo que conseguiu passar para seu público, no entanto, foi que "não vamos nos dispersar". Em torno do que exatamente ele quer mantê-los unidos, além de criticar Dilma e o PT, ele, porém, não foi capaz de avançar. Aécio Neves, até o momento, não provou que será uma oposição responsável em relação aos destinos do Brasil.
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