Adiar eleições é golpe de mau perdedor
"Falar em adiar as eleições sempre foi um mau sinal na história política brasileira", escreve Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia. "É público e notório que Bolsonaro é mau perdedor e fará tudo o que for possível e impossível para não se associar a derrotas nas principais capitais do país em outubro, que poderão abalar ainda mais o já abalado bolsonarismo"
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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia
Assim como quem não quer nada, o ministro da Saúde plantou a ideia de adiar as eleições municipais deste ano.
Mas, caramba, ele é o ministro da Saúde ou presidente do TSE? Até onde se sabe é o Tribunal Superior Eleitoral quem responde pelo calendário eleitoral em todo o país e não o ministro da Saúde.
A ser assim, o TSE passará a cuidar do coronavírus.
A alegação dele não é nem o tempo exíguo, mas que as campanhas poderão ser contaminadas pelo tema.
É claro que serão e aí é que está a sua preocupação política: está na cara que o governo vai perder de lavada se a disputa ocorrer logo a seguir a esse pandemônio.
Candidato aliado a Bolsonaro estará frito.
É isso que o ministro tenta evitar com o papo de adiamento: um desastre eleitoral. E um desastre municipal em outubro poderá significar fiasco federal em 2022. Se Bolsonaro durar até lá, é claro.
Aproveitando a deixa, o deputado Aécio Neves chuta o balde: quer adiar a disputa pelas prefeituras não para novembro ou dezembro, mas para 2022.
Falar em adiar as eleições sempre foi um mau sinal na história política brasileira. Às vezes pode querer dizer adiar para sempre.
Quando se começa a mexer no calendário eleitoral muitas surpresas desagradáveis podem acontecer, principalmente nessa conjuntura de arrepiar, em que o tema “estado de sítio” veio à baila.
Rodrigo Maia fez bem em cortar a conversa, disse que não fala disso antes de agosto, mas certamente os governistas vão bater nessa tecla como uma solução humanitária etc e tal enquanto os que defendem a democracia não deverão abrir mão da única arma que temos: o voto.
É público e notório que Bolsonaro é mau perdedor e fará tudo o que for possível e impossível para não se associar a derrotas nas principais capitais do país em outubro, que poderão abalar ainda mais o já abalado bolsonarismo.
A sugestão do ministro da Saúde foi o primeiro balão de ensaio dessa estratégia.
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