Adiar a CPI da Pandemia para deixar Bolsonaro matar mais
"É preciso dizer basta a este genocídio e apenas com a criteriosa apuração das responsabilidades, por parte dos agentes do estado, será possível orientar as políticas sanitárias na direção de pôr fim à pandemia e salvar o Brasil", escreve a doutoranda em História pela UFMG Carla Teixeira
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A instalação da CPI da Pandemia, prevista para o dia 13 próximo, apenas se dará após a determinação judicial monocrática expedida pelo ministro Luís Roberto Barroso. Entre os sócios do governo genocida no Congresso Nacional, incluindo os presidentes das duas casas, há um esforço para tentar adiar a realização das investigações.
A farsesca ligação entre Bolsonaro e o senador Kajuru (Cidadania – GO), divulgada pelo próprio senador com o consentimento do presidente, em que o apavorado do Alvorada estimula a mudança de escopo da CPI – do Governo Federal para os estaduais e municipais –, ameaça “dar porrada num bosta desses”, referindo-se ao senador Randolfe Rodrigues (REDE – AP), além de tramar um pretenso impeachment de ministros do STF, “deixou a todos perplexos”, nas palavras do polido ministro Marco Aurélio.
A trama logo foi desvendada: criar polêmica, aumentar a pressão sobre o Senado e o Supremo, mobilizar as redes bolsonaristas e tirar o foco da questão que é a homicida atuação do Governo Federal na condução da pandemia e sua evidente responsabilidade diante das mais de 350 mil mortes contabilizadas até aqui (excluídos os casos não notificados que podem triplicar e até quadruplicar este número).
Enquanto isso, o país segue sem leitos, sem vacinas, sem distanciamento social, sem auxílio emergencial digno, com a economia afundada, o desemprego e a fome aumentando exponencialmente. O presidente da República brinca – como sempre fez desde o primeiro momento – de arranjar confusão com os outros poderes, desestabilizando a República e ferindo a Democracia, à espera da oportunidade ideal para dar seu pretenso golpe com o apoio de milicianos e charlatões fundamentalistas neopentecostais.
Em constante diálogo com o STF, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) – aquele que, naturalmente, prefere enfrentar os tribunais da história, que punem depois da morte, a enfrentar os tribunais penais, que responsabilizam os culpados ainda em vida -, atua para que o entendimento no plenário do Supremo, que apreciará a decisão monocrática do ministro Barroso no próximo dia 14, seja obrigar a realização da CPI somente depois da pandemia (que até aqui não tem qualquer previsão de término).
Certamente essa orientação, adiantada pelo jornal O Estado de S. Paulo, se deve à cumplicidade dos poderes e agentes da República (Congresso Nacional, Judiciário, PGR, AGU, Forças Armadas entre outros) com o holocausto em curso. Adiar a CPI servirá apenas para deixar Bolsonaro, o genocida inimputável, matar mais.
Que os ministros do Supremo não se dobrem ante a coerção praticada por milicianos, oportunistas e criminosos que tomaram Brasília de assalto. É preciso dizer basta a este genocídio e apenas com a criteriosa apuração das responsabilidades, por parte dos agentes do estado, será possível orientar as políticas sanitárias na direção de pôr fim à pandemia e salvar o Brasil deste que será lembrado como o momento mais dramático, indigno e vergonhoso da nossa história republicana.
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