Absolutismo tucano em São Paulo

O que me inquieta é essa evidente hiper proximidade de Geraldo Alckmin no Ministério Público e Judiciário paulistas e a possível influência do PSDB no Poder Judiciário e no Ministério Público



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"(...) tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas, e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos". (Montesquieu)

O conceito da separação dos poderes é um modelo de governar cuja criação é datada da antiga Grécia e a essência desta teoria se firma no princípio de que os três poderes que formam o Estado (legislativo, executivo e judiciário) devem atuar de forma separada, independente e harmônica, mantendo, no entanto, as características do poder de ser uno, indivisível e indelegável.

O objetivo dessa separação é evitar que o poder concentre-se nas mãos de uma única pessoa, para que não haja abuso, como o ocorrido no Estado Absolutista, por exemplo, em que todo o poder concentrava-se na mão do monarca. A passagem do Estado Absolutista para o Estado Liberal caracterizou-se justamente pela separação de Poderes, denominada Tripartição dos Poderes Políticos.

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No Estado de São Paulo a uma subversão dessa teoria, pois o Secretário de Segurança Pública do Estado, nomeado pelo governador, é Alexandre de Moraes, Promotor de Justiça provavelmente licenciado de suas atribuições, pois vem ocupando outras funções desde 2002. Merece registro que seu antecessor Fernando Grella Vieira é também membro destacado do Ministério Público do Estado. Fato é que a presença de membros no MP no governo tucano não é novidade, na mesma secretaria podemos lembrar ainda de Marco Vinicio Petreluzzi e Saulo de Castro Abreu Filho.

Evidentemente o MP não é um Poder, mas o Ministério Público e a figura do Promotor Público representa a comunidade através do Poder constituído, sempre tendo presente o interesse coletivo, no âmbito da União, dos Estados Membros e Municípios, por isso creio que há, em tese, um conflito de interesses insuperável para situações como essa.

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Agora o Governador convidou o Desembargador Renato Nalini, ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado, para desempenhar as funções de Secretário Estadual de Educação, o convite foi aceito. Não estou a discutir aqui as qualidades de Renato Nalini, afinal ele é membro da Academia Paulista de Letras e professor universitário. O ponto aqui é outro.

O que me inquieta é essa evidente hiper proximidade de Geraldo Alckmin no Ministério Público e Judiciário paulistas e a possível influência do PSDB no Poder Judiciário e no Ministério Público.

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A não observância da separação dos poderes e a não independência do MP podem trazer consequências muito ruins para a democracia.

Bem, vamos a um exemplo concreto de problemas... Foi deflagrada a Operação Alba Branca, e nas investigações, que envolvem fraude em contratos entre a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar e a prefeituras do estado, fraudes na compra de produtos agrícolas, vendidos pela Coaf, destinados à merenda escolar de prefeituras e do Governo de São Paulo. Parabéns ao MP!

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A investigação também cita como supostos envolvidos o presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, deputado Fernando Capez (PSDB), o presidente estadual do PMDB, deputado federal Baleia Rossi e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB), Luiz Roberto dos Santos.

Vejam só que beleza...

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Por ser presidente da Assembléia, Fernando Capez só pode ser investigado pelo Procurador Geral do Estado, Márcio Elias Rosa, colega de profissão do próprio Capez e também colega de Alexandre de Moraes, secretário de segurança pública do estado e também membro do MP.

A assessora direta do Procurador Geral e nomeada para cargo de confiança por ele é a esposa de Fernando Capez, Valéria Palermo Capez . Valéria é responsável por receber as citações, notificações e intimações dirigidas ao Ministério Público e ao Procurador Geral.

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E não é só. Em 2013, Geraldo Alckmin nomeou a mulher de Márcio, Carla Elias Rosa, para trabalhar na Casa Civil como assessora jurídica do governo.

E o Judiciário que vai futuramente julgar tudo isso foi presidido "até ontem" por Renato Nalini, atual Secretário de Educação do Estado.

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Espetacular!

O conflito de interesses é absolutamente claro. Mas talvez valha a máxima de Jorge Pozzobom, do PSDB do Rio Grande do Sul, que depois de um bate boca no Twitter afirmou confiante: "Por não ser petista não corro o risco de ser preso".

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