A vingança da Lava Jato

Enquanto eles buscam descobrir algo por trás das "evidências" sobre a reforma de uma cozinha que, "segundo consta", obedeceu orientação de Lula, o empresário Marcelo Odebrecht afirmou, segundo revelou a "Veja", que entregou R$ 10 milhões ao presidente interino Michel Temer



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A vingança dos perseguidores do ex-presidente Lula por terem sido denunciados por ele às Nações Unidas não demorou: além do seu linchamento diário através da mídia, com a divulgação de notícias de meros exercícios sobre inescrupulosas ilações, o ex-presidente operário está sendo atacado agora também através dos seus familiares, uma forma covarde de atingi-lo. A sua esposa Marisa Letícia e o filho Fabio foram intimados, pelo delegado Marcio Anselmo, da força-tarefa da Operação Lava-Jato, a prestar depoimento na Policia Federal sobre o sitio de Atibaia, em São Paulo. Em nota, os advogados do ex-presidente disseram que "constranger a esposa de Lula a um depoimento desnecessário, a respeito de informações que já foram prestadas e documentadas em diversas ocasiões, é uma retaliação que apenas reforça a existência de graves violações aos direitos fundamentais do ex-Presidente e de seus familiares".

Virou paranoia. Como até hoje ninguém acusou Lula de receber milhões de reais de propina, ao contrário do que acontece com as acusações ao presidente interino Michel Temer, José Serra, Aécio Neves e Eduardo Cunha, entre outros, os investigadores da Lava-Jato insistem em acusá-lo de ser dono do sitio, embora sabendo que os proprietários são os empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar. Simplesmente ignoram o título de propriedade, que é o documento legal, porque querem incriminar o líder petista de qualquer maneira, desesperados porque, apesar da devassa feita na vida dele, não encontraram absolutamente nada que possa justificar a sua prisão. Escandalosamente se fazem de cegos e surdos às acusações aos outros porque o seu objetivo, visível de qualquer lugar do planeta, é banir o líder petista da vida pública, impedindo-o de voltar ao Palácio do Planalto. Ninguém se constrange com isso e os organismos superiores da Justiça fingem que não estão vendo.

Para justificar a sua injustificável ação, os investigadores disseram que "os peritos apontam para evidências substanciais de que a cozinha gourmet foi reformada e instalada entre o período aproximado de março a junho de 2014, tendo sido acompanhada por arquiteto da OAS, sob comando de Léo Pinheiro [ex-presidente da empreiteira] e, segundo consta nas comunicações do arquiteto da Construtora, com orientação do ex-presidente Lula e sua esposa". Ou seja, enquanto eles buscam descobrir algo por trás das "evidências" sobre a reforma de uma cozinha que, "segundo consta", obedeceu orientação de Lula, o empresário Marcelo Odebrecht afirmou, segundo revelou a "Veja", que entregou R$ 10 milhões ao presidente interino Michel Temer no Palácio do Jaburu. Aqui não existe evidências, mas uma acusação direta, sem dúvidas, e ainda assim os investigadores da Lava-Jato, tão zelosos no combate à corrupção, querem enquadrar Lula por causa da reforma de uma cozinha. É brincadeira!! Como diria o Boris Casoy:"Isso é uma vergonha!"

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Enquanto isso o senador Cristovam Buarque, que já disse não se preocupar com o julgamento dos seus eleitores quanto a sua posição golpista, revela que vai votar a favor do impeachment da presidenta Dilma Roussef porque ela "não soube fazer o trabalho parlamentar", ou seja, não negociou cargos ou verbas como Temer está fazendo para manter-se no Planalto, o que levou o senador Hélio Melancia a dizer, cinicamente, que se quiser nomeia até uma melancia para qualquer cargo. Segundo afirmou em entrevista, ela está "pagando o preço" por isso. Embora dizendo-se preocupado com a gastança do governo interino, Buarque mostrou-se otimista quanto a possibilidade de Temer melhorar (?) a economia. E revelou ter perdido prestigio no exterior, de onde tem recebido cartas de personalidades condenando sua posição golpista. "Lá fora – acrescentou – fica a impressão de que estamos tirando a presidente". Impressão?? Mais uma vez constata-se que o cinismo é a marca dos golpistas.

Por sua vez, o presidente interino, em artigo publicado no jornal "O Estado de São Paulo", sob o título de "A democracia", após dizer-se comprometido com a democracia (??), afirma: "Este escrito se destina a evidenciar que minha conduta se respalda na Constituição federal. Digo mais: minha formação democrática me impede gestos autoritários. Não os praticarei". E acrescenta: "Cabe aos críticos do governo, àqueles que aludem a 'recuos', escolher a via que desejam: o autoritarismo, quando não há diálogo, ou a democracia. A minha escolha já está feita. Dela não me desviarei". Convenhamos, é muito cinismo! Proibir manifestações pacíficas não é autoritarismo? Prender manifestantes não é autoritarismo? Desde quando sua conduta se respalda na Constituição? Por acaso a Carta Magna acoberta golpes? E ainda se diz constitucionalista! Teria sido melhor que não tivesse escrito semelhante atentado à inteligência alheia.

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O fato, porém, é que o plenário do Senado já iniciou a discussão e votação do relatório do tucano Antonio Anastasia que, apesar da perícia da Casa e do Ministério Público Federal, viu crime na gestão de Dilma e recomendou o prosseguimento do processo de impeachment. Se o julgamento for efetivamente político, como já denunciado até pelo senador norte-americano Bernie Sanders, que concorreu às prévias para a Presidência dos Estados Unidos, Dilma será mesmo afastada definitivamente. E o mundo ficará estupefato por ver o Senado cassar uma Presidenta honesta, sem nenhuma acusação de corrupção, e efetivar na Presidência da República um homem já incluído, pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, no cadastro de pessoas inelegíveis, por ter feito doações ilegais em 2014, e acusado de receber em espécie, no próprio palácio do vice-presidente, R$ 10 milhões da Odebrecht. Idênticas acusações também foram feitas a alguns dos seus ministros, entre eles José Serra. É por esse pessoal que o Brasil será governado nos próximos dois anos?

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