A vida quer é coragem?

"Mudar a idade das aposentadorias pode até ser necessário, mas, neste momento, é no mínimo imprudente", diz Leonardo Attuch, editor do 247; "Ao dizer que o Brasil terá que encarar a reforma da Previdência, Dilma pode ter colocado em risco as alianças de que hoje dispõe sem ganhar adesões à direita, que continuará buscando sua deposição independentemente do que ela diga ou faça"

Presidente Dilma Rousseff durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto, em Brasília. 07/12/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino
Presidente Dilma Rousseff durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto, em Brasília. 07/12/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino (Foto: Leonardo Attuch)


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Na primeira aparição pública em 2016, a presidente Dilma Rousseff resolveu vestir seu figurino Margareth Thatcher, a 'dama de ferro’ britânica que se lixava para a popularidade e agia movida por convicções – nem sempre corretas, diga-se de passagem. O grande anúncio de Dilma foi a reforma da Previdência, com a revisão da idade mínima de aposentadoria. Dilma lembrou que não faz sentido que a idade média com que se pendura a chuteira no Brasil seja de apenas 55 anos – um contrassenso num país cuja população, a cada ano, amplia sua expectativa de vida.

Dilma disse coisas sensatas, defendidas até por seus adversários políticos, mas talvez não tenha escolhido o melhor momento. Não custa lembrar que, no fim de 2015, a presidente ganhou fôlego com a ajuda de movimentos sociais como a CUT, o MST e MTST, cujos militantes foram às ruas para defender seu mandato. Caso percebam que “direitos adquiridos” serão colocados em risco, a tendência natural é que revejam suas posições, até porque nenhum apoio é incondicional.

Ao dizer que o Brasil terá que encarar a reforma da Previdência, Dilma pode ter colocado em risco as alianças de que hoje dispõe sem ganhar adesões à direita, que continuará buscando sua deposição independentemente do que ela diga ou faça. E isso num momento em que a ameaça do impeachment, embora contida, não foi definitivamente superada. Basta notar que a onda de denúncias poderá ganhar novo impulso com os vazamentos das mensagens do celular do empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, que resvalam em ministros palacianos.

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Escrita pelo jornalista Ricardo Amaral, a biografia de Dilma ganhou o sugestivo título “A vida quer é coragem”, compatível com a história da jovem que trocou a sociedade mineira pela luta armada e chegou à presidência da República. Mas há também momentos em que a vida demanda certa prudência.

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