A um passo da guerra que só o Congresso americano pode evitar
"Trump não é um empresário. É um louco capaz de tomar medidas militares extremas seguindo um código religioso que levaria diretamente ao Armagedon"
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A Terceira Guerra Mundial, ou Guerra Final, pode ser evitada. Três grandes potências, e a potência subsidiária do Irã, estão com o dedo no gatilho depois do atentado terrorista ordenado por Donald Trump contra três generais muçulmanos no Iraque. O que vai impedir a guerra, em última instância, é o poderio nuclear que se encontra sob controle de Vladmir Putin e de Xi Jinping, na Rússia e na China. Se ficasse por conta dos xiitas do Irã, a guerra explodiria mediante o confronto destes com os fundamentalistas cristãos americanos.
Donald Trump se converteu ao fundamentalismo pentecostal dito cristão pelas mãos de Steve Bannon, seu assessor de estratégia na campanha e no governo, até recentemente. Bannon assessorou e financiou também a campanha de Bolsonaro no Brasil, baseada nos mesmos princípios fundamentalistas. Ao deixar o governo, prometeu dedicar seu tempo e seu dinheiro a destruir a Igreja Católica, dando a entender que isso incluía atacar pessoalmente o Papa Francisco. Tem milhões de seguidores, nos Estados Unidos e no mundo, incluindo o Brasil.
Semanas atrás Bannon esteve em Brasília revelando sua estratégia básica: nada de buscar arregimentar massas, basta se concentrar em dirigentes políticos. Esteve no Congresso com essa missão. Bolsonaro ele já considera seu, via Olavo de Carvalho, o guru do pai de três filhos, todos devidamente arregimentados. Detalhe fundamental: eles não têm medo de guerra. Estão convencidos de que chegou o tempo do Armagedon. Claro, muitos serão mortos. Mas os bons, 120 mil segundo a Bíblia fundamentalista, serão arrebatados para o céu.
A religião, contudo, é apenas um aspecto da estratégia de Bannon. Seu objetivo central é liquidar a Igreja Católica desde que o Papa atacou, num documento irrespondível, a escravização do mundo pelo capital financeiro especulativo. A principal tática a esse respeito tem sido atacar a pedofilia na Igreja, tomando casos isolados como se fossem a regra. Para isso montou um sistema de investigação que recua a mais de 50 anos. Com ajuda do dinheiro e da difamação, leva às cordas a direita e a esquerda da Igreja, com auxílio da mídia escandalosa.
A dupla Trump-Bannon é um risco para o mundo. Na campanha norte-americana, quando Hillary Clinton advertiu para a presença de alguém como Trump no comando do arsenal estratégico do país, achei que era uma hipocrisia. Em certo sentido ainda acho, já que, no poder, Hillary se revelou uma belicista implacável, embora convencional. Contudo, agora vejo que ela tinha razão. Trump não é um empresário. É um louco capaz de tomar medidas militares extremas seguindo um código religioso que levaria diretamente ao Armagedon.
Espero que o Congresso inclua nos procedimentos do impeachment de Trump a questão de ele ter iniciado, no Iraque, uma guerra de alto risco, indiretamente contra a Rússia e contra a China, sem prévio apoio parlamentar. Isso é um crime de lesa-pátria nos Estados Unidos. E uma reação firme congressual certamente relaxaria as tensões na Ásia e levaria Putin e Xi a tirar os dedos do gatilho. Para alguma coisa a ameaça de mal nos serve, diriam os franceses. Depois da deposição de Trump acho que qualquer presidente apostaria na paz.
Se houver guerra, e se houver destruição parcial do mundo, a culpa é exclusivamente da mídia mundial, aí incluída a brasileira. Da mesma foram como acontece com Bolsonaro, a mídia mundial naturalizou as paranóias de Trump. Não vi um único editorial da grande mídia atacando a retirada norte-americana do Acordo de Paris como um absurdo, uma insensatez. Aqui, foi naturalizada pela mídia a indiferença de Bolsonaro diante dos incêndios da Amazônia, e o implícito apoio dele aos que tem botado fogo na floresta para fazer avançar o gado.
Só não haverá guerra generalizada se a sabedoria do Oriente prevalecer, nas pessoas de líderes responsáveis que inventaram uma forma funcional da democracia. Esta mesmo que Bannon quer destruir em nome do combate à corrupção. Aliás, dada a intervenção direta dele nas eleições no Brasil, o Governo, provocado por algum parlamentar, deveria iniciar um processo para expedir um mandato de interdição preventivo para impedir sua volta ao Brasil, junto com o confisco de todos os bens usados na manipulação política interna.
No Oriente Médio, onde a liderança do Irã promete vingança em três dias, sem especificá-la, não pense Trump que possa voltar impunemente à vida normal sem punição. O fatwa, pena de morte eterna contra muçulmanos e não muçulmanos estabelecida por um alto líder religioso, se vier a ser imposta a Trump, não tem volta. Qualquer um, muçulmano ou não, que vier a assassinar Trump será premiado com o paraíso eterno. Trump, por sua vez, só escapará do castigo pela morte, ou pelo desaparecimento eterno - como acontece com Salman Rushdie, o escritor inglês que vive escondido desde que foi alvo de um fatwa do aiatolá Khomeini.
Complemento: É um mistério o prazo de três dias que a liderança religiosa iraniana se deu para reagir ao assassinato do seu principal general por Donald Trump. Parece um tempo de reflexão para examinar todas as hipóteses. Os iranianos tem aliados nacionais importantes, como Rússia e China, mas nenhuma dessas potências acompanharia Teerã numa guerra direta contra os Estados Unidos, que por certo resultaria numa guerra nuclear.
Entretanto, os aliados mais diretos de Teerã são potências ou grupos menores, como Síria, Hesbolah e grupos ditos terroristas no Iraque. Estes não são controlados por dinheiro ou pelas armas, inclusive atômicas, mas pela fé. Ou seja, quem realmente os controla é o líder supremo, aiotolá Kamenei. E o aiotolai tem uma arma poderosíssima de alcance internacional, como disse anteriormente, o fatwa. Creio que ao fim dos três dias de reflexão, caso não haja um recuo efetivo de Trump equivalente a um pedido de perdão, Kamenei decretará um fatwa contra Trump, contra seu aparato de segurança e contra os mentores do Pentágono que deram suporte ao Presidente para agir.
Isso equivale a pena de morte, executada por qualquer um e em qualquer lugar, similar à licença para matar da CIA que o Governo americano decreta contra supostos terroristas em todo o mundo, numa total subversão do Direito internacional. O fatwa tem mais regras e mais comedimento que a CIA, o que se constata pelo fato de que, desde Salman Rushdie, não foi usado em lugar algum, e mesmo na Inglaterra não foi usado efetivamente. Entretanto, seu uso na atual crise teria a vantagem de prevenir uma guerra nuclear.
Entretanto, tornaria intolerável a vida de Trump e de seus asseclas, vendo ao redor de si, onde estiverem no mundo, a sombra de muçulmanos ou cidadãos comuns convencidos de que irão para o céu caso ajam como justiceiros do velho Oeste. Armas disponíveis para isso não faltam nos Estados Unidos. Também não faltarão em países amigos de Trump, como o Brasil, caso Bolsonaro não seja despejado logo do Planalto por algum fatwa dos militares que desonrou.
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