A última vitória de Zé Celso contra o fascismo

"A remontagem da peça Roda Vida, que tanto incomodou os governos fascistas, foi um símbolo de contestação à ditadura militar", pontua Florestan Fernandes Jr.

(Foto: Arquivo Pessoal)


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Em 2018, José Celso Martinez Corrêa, o nosso eterno Zé Celso, foi o entrevistado da estreia do “Voz Ativa”, um programa de entrevistas para a Rede Minas que tinha como trilha sonora a música Roda Viva, tema de Chico Buarque para a peça de mesmo nome. Então claro, o convidado não poderia ser outro. Afinal foi ele, Zé Celso, que, como diretor, deu vida nos palcos à primeira incursão de Chico na dramaturgia. No fim dos anos 60 e início de 70, Roda Viva foi um símbolo de contestação à ditadura militar. A peça incomodou tanto os fascistas que em junho de 1968 um grupo de pessoas ligadas ao Comando de Caça aos Comunistas invadiu o Teatro Ruth Escobar, agredindo os artistas e vandalizando o cenário.

Cinquenta anos depois, lá estava Zé Celso no centro do “Voz Ativa”, falando de sua carreira e do novo combate da cultura ao enfrentamento aos fascistas. Estava tão à vontade em estar no que ele chamou de "República Democrática de  Minas Gerais", governada na época por Fernando Pimentel, que decidiu, para a surpresa dos entrevistadores, acender um baseado. Por sorte, a entrevista estava sendo gravada. Assim que terminou o cigarrinho, retomei o programa. Zé Celso voltou ainda mais polêmico, crítico e bem-humorado. Pronto para ir à luta, pronto para propor projetos revolucionários. Encerrou o programa com a promessa de remontagem da peça Roda Viva, que ganhou uma nova versão em 2019. Um espetáculo para comemorar a sobrevivência do Teatro Oficina em um governo que fez de tudo para destruir a cultura brasileira. Perderam. Com seu talento e criatividade, Zé Celso venceu sua última batalha contra o fascismo.

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