A Turquia e as novas tecnologias de golpe

"Golpes eficientes são estes recentes na América Latina, com verniz de legalidade, combinando frentes de ataque jurídico-judicial, midiática e parlamentar. Com tão refinada engrenagem, as forças que realmente movem o golpe nem precisam se expor. Elas são nacionais e estrangeiras mas estas últimas já não precisam movimentar esquadras para invadir o território do golpe, se preciso for, como em 1964", diz a colunista Tereza Cruvinel; "Criado o ambiente político propício, os neo-golpistas do continente precisam de partidos dispostos a violar a soberania do voto popular  e de alguém disposto ao papel de usurpador da cadeira do presidente eleito a ser deposto. É um processo mais complexo, mais demorado porém mais eficiente. Mais difícil de ser barrado ou revertido"

"Golpes eficientes são estes recentes na América Latina, com verniz de legalidade, combinando frentes de ataque jurídico-judicial, midiática e parlamentar. Com tão refinada engrenagem, as forças que realmente movem o golpe nem precisam se expor. Elas são nacionais e estrangeiras mas estas últimas já não precisam movimentar esquadras para invadir o território do golpe, se preciso for, como em 1964", diz a colunista Tereza Cruvinel; "Criado o ambiente político propício, os neo-golpistas do continente precisam de partidos dispostos a violar a soberania do voto popular  e de alguém disposto ao papel de usurpador da cadeira do presidente eleito a ser deposto. É um processo mais complexo, mais demorado porém mais eficiente. Mais difícil de ser barrado ou revertido"
"Golpes eficientes são estes recentes na América Latina, com verniz de legalidade, combinando frentes de ataque jurídico-judicial, midiática e parlamentar. Com tão refinada engrenagem, as forças que realmente movem o golpe nem precisam se expor. Elas são nacionais e estrangeiras mas estas últimas já não precisam movimentar esquadras para invadir o território do golpe, se preciso for, como em 1964", diz a colunista Tereza Cruvinel; "Criado o ambiente político propício, os neo-golpistas do continente precisam de partidos dispostos a violar a soberania do voto popular  e de alguém disposto ao papel de usurpador da cadeira do presidente eleito a ser deposto. É um processo mais complexo, mais demorado porém mais eficiente. Mais difícil de ser barrado ou revertido" (Foto: Tereza Cruvinel)


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O ex-presidente turco Abdullah Gul, ao condenar a tentativa de golpe de Estado militar em seu país, abortada pela mobilização popular e a liderança do presidente Erdogan,  revelou-se mal informado ao dizer que “a Turquia não é um país da América Latina” para ter um golpe de Estado, não é um destes países, disse citando também os africanos, “que têm governos depostos da noite para o dia". Não que golpes inexistam por aqui. Eles acontecem, mas agora são muito mais sofisticados, como foram no Paraguai, em Honduras e agora no Brasil.  Dispensam o uso do Exército, da força bruta, dos tanques e baionetas. Diante dos “nossos” golpes, o da Turquia soa obsoleto e tosco, e também por isso foi mais fácil abortá-lo.

Golpes eficientes são estes recentes na América Latina, com verniz de legalidade, combinando frentes de ataque jurídico-judicial, midiática e parlamentar.  Com tão refinada engrenagem, as forças que realmente movem o golpe nem precisam se expor.  Elas são nacionais e estrangeiras mas estas últimas já não precisam movimentar esquadras para invadir o território do golpe, se preciso for, como em 1964. Com a força da mídia sobre corações e mentes,  os modernos golpes latino-americanos, que Gul desconhece, conseguem até mesmo mobilizar apoiadores no papel de “povo”. Criado o ambiente político propício, os neo-golpistas do continente precisam de partidos dispostos a violar a soberania do voto popular  e de alguém disposto ao papel de usurpador da cadeira do presidente eleito a ser deposto. É um processo mais complexo, mais demorado porém mais eficiente. Mais difícil de ser barrado ou revertido.

Muitas  análises comparativas sobre o golpe em curso no Brasil e o golpe abortado na Turquia estão sendo publicadas,  concluindo sempre que os processos são muito distintos. Há quem lamente a passividade dos brasileiros, a falta de uma insurgência popular enérgica como houve na Turquia.  Mas como convencer os que estão tendo seu voto desrespeitado a reagir  contra um processo conduzido pelas “autoridades”?  Para os turcos, o golpe estava nos tanques e nos pelotões armados, contra os quais se insurgiram, usando inclusive seus corpos indefesos. Já o brasileiro que votou em Dilma não viu um tanque investindo contra seu voto, mas deputados e senadores, e de vez em quando, ministros do STF determinando o rito do afastamento.

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Uma diferença, entretanto, foi pouco registrada. Na Turquia,  todos os partidos, inclusive os de oposição ao presidente Erdogan, condenaram o golpe e se posicionaram em defesa da democracia como valor a ser preservado.  Lá, como aqui, há uma grande divisão na sociedade em relação ao governo de Erdogan, que também apresenta traços autoritários e viés fundamentalista.  Não  foi em defesa exclusivamente dele e de seu mandato, mas do respeito às regras democráticas, que os turcos vararam a noite em confrontos, e mais de 200 perderam a vida.

No sofisticado golpe brasileiro, todos os partidos se juntaram na condução do “golpeachment            , com exceção dos cinco partidos de esquerda: PT, PC do B, PDT, PSOL e a Rede (parcialmente).  Na nova tecnologia de golpes latino-americanos,  a maioria dos partidos, quando estão perdendo, quebram a regra do jogo para fazer o gol de mão.  Essa nova tecnologia de golpe é que o ex-presidente turno revela não conhecer. 

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