A truculência está por toda parte. Será um dos legados da Copa?

O caso da Portuguesa é um bom exemplo de como a FIFA manda no Brasil



✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Estamos às vésperas de uma Copa do Mundo. Então, em tese, e mesmo na prática, quem está mandando no país não é nem o Executivo, nem o Legislativo, nem o Judiciário, apesar de suas arrogâncias.

Quem manda no país, o poder mais alto, é a Confederação Brasileira de Futebol, mais conhecida como CBF. E a CBF, por sua vez, só pode ser questionada pelo poder superior internacional, a chamada FIFA.

Aparentemente ela se dedica ao futebol. Mas quando circunstâncias obrigam, os dispositivos dessa Federação Internacional parece que se sobrepõem a qualquer outra legislação, seja de qual nível for.

continua após o anúncio

Com a Copa do Mundo chegando aí, tem sido constantes os enfrentamentos entre dispositivos da FIFA e a lei brasileira.

Eles só não chegam aos tribunais porque acabam prevalecendo os interesses da entidade esportiva. O governo brasileiro, tão altivo diante de outros organismos internacionais, parece se intimidar diante do poder dos dirigentes do futebol mundial.

continua após o anúncio

Pode-se dizer hoje, dada a proximidade da Copa, que a "lei maior" no país não é a Constituição Federal. Foi substituída temporariamente pela legislação imposta pela federação futebolística e sua representante no Brasil, a CBF.

É o que se depreende, por exemplo, do caso do rebaixamento para a Série B da equipe da Portuguesa.

continua após o anúncio

Isso mesmo, o caso da Portuguesa!? Ele parece menor, mas é exemplar dessa situação de vassalagem da legislação brasileira às regras da FIFA, via CBF.

Num ato que o excelente comentarista do "Estadão", Ugo Giorgetti, definiu como "truculência", a indiferença da CBF, intimada pelo Ministério Público, órgão que faz parte da estrutura jurisdicional brasileira, a devolver os pontos tirados da Portuguesa no ultimo Campeonato Brasileiro.

continua após o anúncio

A CBF simplesmente ignorou o Ministério Público e divulgou a tabela do próximo "Brasileirão" sem a simpática agremiação conhecida como a "Lusa do Canindé".

E Ugo Giorgetti, com razão se assombra quando o advogado da CBF, Carlos Miguel Aidar, declara, em entrevista, que "a Justiça comum não pode alterar uma determinação da Justiça Desportiva".

continua após o anúncio

Como ? Em que país estamos? Se o Ministério Público contesta a tabela apresentada pela CBF com base no Estatuto do Torcedor, aprovado pelo Congresso Nacional, como a legislação esportiva pode desconsiderá-lo?

No limite, quem está sendo desrespeitada é a Constituição Brasileira, que incorporou entre suas normas o Estatuto do Torcedor.

continua após o anúncio

E vai mais longe o desafio do advogado da CBF, sempre escorado nas tais leis esportivas feitas ao bel prazer pelos endinheirados dirigentes da FIFA. Diz que só a Associação Portuguesa de Desportos poderia acionar o Ministério Público.

Repito, meu Deus, em que país estamos? O Ministério Público está diariamente intervindo em nome do interesse público em dezenas até centenas de casos independente de ter sido acionado por fulano ou beltrano.

continua após o anúncio

Essa defesa espontânea do interesse das pessoas ou entidades é, aliás, sua missão mais nobre.

Giorgetti dá ao seu artigo o titulo "Justiça". Eu, aproveitando inclusive o seu texto, chamaria de "Truculência".

Que é o que estamos vendo diariamente nas ruas, nas chamadas manifestações públicas, por parte da polícia e dos manifestantes e até no nosso dia-a-dia, nos acidentes de trânsito, no trato entre as pessoas.

Inclusive entre os mais altos magistrados desta República. Será essa alteração de hábitos também um dos legados da Copa?

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247