A “Tristória” brasileira contemporânea e a necessidade de apagamento da memória

O cinismo escancarou-se de uma tal maneira na classe política como há muito somente os estudiosos mais austeros eram capazes de desvendar no oculto das intenções e das atitudes

O cinismo escancarou-se de uma tal maneira na classe política como há muito somente os estudiosos mais austeros eram capazes de desvendar no oculto das intenções e das atitudes
O cinismo escancarou-se de uma tal maneira na classe política como há muito somente os estudiosos mais austeros eram capazes de desvendar no oculto das intenções e das atitudes (Foto: Marconi Moura de Lima Burum)


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Vamos começar este texto pedindo ao leitor a compreensão meramente didática da tese de "apagamento da memória". Não é verdade que isso seja necessário. As nossas vergonhas expostas nos devem, ao contrário, servir ao propósito pedagógico de concertação das coisas para o futuro – nosso e de nossos filhos envergonhados. Entende?

As próximas gerações que nos pertencem ainda nem nasceram e já se revestem de um constrangimento civilizatório sem precedentes. O que é isso? O que está acontecendo com nossa Pátria? O cinismo escancarou-se de uma tal maneira na classe política como há muito somente os estudiosos mais austeros eram capazes de desvendar no oculto das intenções e das atitudes. Hoje não há que ser perspicaz, ou dotado de alguma astúcia adicional, ou mesmo fazer uma rígida pesquisa historiográfica para encontrar nos atos de nossos representantes uma conotação de maldade e um requinte de crueldade com pouca sofisticação, contudo, dotado de sofismas escancarados e mesquinhez sobressalente.

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(Permitem-me fazer um parêntese de justiça fundamental? Não são todos. Nem todos esses deputados e senadores são esse tipo de gente que citei acima. É somente procurar que se encontra naquela Casa políticos sérios. Eu sei! É difícil, mas tem, tem que procurar.)

Veja: estou bem estressado com esse Congresso Nacional, instituição congruente com o aspecto sintomático da Nação. Como? É isso. É nos congressistas que nos espelhamos, que é refletido (ou refratário) o sentimento do povo brasileiro, suas necessidades, seus desejos, seus interesses. Denota-se dessa fala que se aos parlamentares (alguns, tipo, quase todos) vemos uma volúpia comportamental degradante e o sobejo dos interesses convenientes, pior, bem de curto prazo, em tese, seria esse o preposto de cada brasileiro que neste ou naquele representante escolheu ser a "sua voz" (certo, Eleitor?).

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Ora, cremos ser relevante trazer à baila mais um exemplo dessa postura posta. Senão, vejamos. Foi ontem, dia 16 de junho, que a Câmara dos Deputados, por maioria esmagadora, resolveu cristalizar embarreiramentos à presença das MULHERES na política, consequentemente, no Congresso Nacional. Sim, ontem votaram CONTRA a chamada "cota de mulheres" no Parlamento. A proposta, na prática, colocaria nas casas legislativas de todo o Brasil, até o final de 3 temporadas mandatárias, ao menos 15% das cadeiras seriam devidamente preenchidas por mulheres, fosse na lógica proporcional, ou em segunda chamada, majoritariamente (leia a emenda da Bancada Feminina na CD). O importante era "dar vez" a quem hoje mal tem voz nos municípios, nos estados e nas duas Casas Federais.

Portanto, a partir desse e de tantos exemplos no lócus temporal (2015, especialmente) das atitudes dos deputados e senadores (etc.), temos admitido um procedimento que é próprio do brasileiro, ou seja, eles somos nós, e nós os somos. Se eles não querem mais mulheres no Parlamento é porque nós não queremos, não é? Se os congressistas querem uma balburdia no processo político-eleitoral é porque nós o desejamos assim, certo? O nosso modo de ver a política, de participar da política, de protestar em relação à política é confuso, dúbio, esquizofrênico. Destarte, nada mais lógico que termos essa formatação (conformação) parlamentar.

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Por gentileza, se não é isso que você, Leitor, acredita ser; se estes parlamentares não te representam, avise (-os), porque está ficando feia a nossa imagem perante a História do Brasil e nosso legado contemporâneo para compreensão de nossos filhos. Corremos enorme risco de consolidar uma contração linguística de imposição trágica. Ao neologismo que se apresenta para o País, a "Tristória". Creio ser desnecessária a explicação, no entanto, fundamental é nossa reflexão (autocrítica sincera) de postura, apelando para resignificarmos urgentemente o que esperamos nos tornar como civilização do futuro. Caso contrário, a leitura de nossa História será um enfadonho romance de analogias da patética cultura humana contemporânea, e será bem Triste. Daí, o [im]pertinente apagamento.

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