A trama dos porões para salvar o pescoço de Moro
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O discurso antidemocrático e totalitário em gestação é tão estarrecedor quanto plausível, se levarmos em conta a caráter e a vida pregressa dos envolvidos na conspirata. Coisa do tipo: “Moro fez tudo isso mesmo que vem sendo vazado, mas foi por uma boa causa. Afinal, cassar Dilma, prender Lula e impedir a volta do PT ao governo não tem preço. Por isso, ele seguirá ministro e Lula preso. E danem-se a lei e quem não estiver satisfeito.”
A trama típica de submundo de república bananeira para salvar o pescoço da figura mais execrável do país, o ex-juiz de piso Sérgio Moro, pretende impor-se sobre pau e pedra, nem que para isso seja necessário rasgar de vez a Constituição, cristalizando o estado de exceção.
Contando com o apoio decidido da Globo, ela reúne Bolsonaro, Forças Armadas, grande parte do Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal, ou seja, os mesmos protagonistas do consórcio que articulou e executou o golpe de estado de 2016, empreendeu a caçada, a condenação e a prisão de Lula e fez da Lava Jato uma operação política capaz de cometer toda sorte de atrocidades jurídicas e crimes para atingir seus objetivos.
E os sinais do aprofundamento das trevas são visíveis a olho nu: ao levar Moro mais uma vez a um estádio de futebol (como prometeu fazê-lo na final da Copa América, no Maracanã, neste domingo), Bolsonaro aposta num pretenso apoio popular para ofuscar as ilegalidades em série cometidas por seu ministro da Justiça, buscando uma solução autoritária para a crise por cima das instituições.
A julgar pela plateia esperada para a partida, formada por privilegiados que podem pagar 500 reais em média por um ingresso, pode ser que a dupla seja aplaudida, embora, no Mineirão, no jogo contra a Argentina, Bolsonaro tenha sido saudado com uma sonora vaia ao estrelar uma verdadeira palhaçada no gramado do estádio.
Quem nunca ouviu a previsão cínica e abjeta de que mesmo se Moro for impedido Lula dever continuar encarcerado, pois foi condenado em outras instâncias? Como se o fruto envenenado não contaminasse a árvore e como se o TRF-4 não fosse cúmplice da Lava Jato no projeto político de banir Lula da vida política brasileira.
Outra tese inescrupulosa defendida pelos que querem jogar uma pá de cal sobre o fiapo de democracia que ainda vigora no Brasil diz repeito ao processo sobre o sítio de Atibaia. “Ah, mais Lula não pode ser solto porque também foi condenado no processo do sítio”, dizem os lavajateanos agredindo a inteligência alheia, já que coube a Moro, valendo-se do mesmo modus operandi utilizado no caso do triplex, a condução de toda a instrução do processo relativo ao sítio.
Só no final, quando abandonou a magistratura para assumir o ministério, ele deixou a sentença para ser proferida por uma autêntica “pau mandada” sua, a juíza Gabriela Hardt, que ficou conhecida como CTRL C – CTRL V, por ter transportado na íntegra vários trechos da sentença de Moro no processo do triplex para a de Atibaia.
Sabemos que é preciso levar em conta que ainda virá à tona um arsenal de conversas escabrosas entre Moro, procuradores e, possivelmente, desembargadores do TRF-4, juízes do STJ, do Supremo e gente graúda da Rede Globo. Só de arquivos de áudio são mais de 6 mil. Mas em qualquer democracia do planeta a rede fora da lei exposta pelo The Intercept, Veja, Folha de São Paulo e Bandnews já teria ruído diante das gravíssimas revelações feitas até agora.
Contudo, por aqui os autores, beneficiários e apoiadores da organização criminosa de Curitiba batem-se desesperadamente, agarrando-se uns aos outros, para evitar o naufrágio. Trata-se de gente perigosa, que, para se salvar, não hesitaria em atirar o país no precipício de uma ditadura escrachada.
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