A tragédia de jovens empurrados pela PM até matarem-se uns aos outros

"Os gritos e movimentos daquela massa de jovens empurrados a golpes de cassetete e bombas de gás para a morte por esmagamento diz tudo que é preciso saber sobre as tragédias de nosso tempo", escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia



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Por Paulo Moreira Leite, para o Jornalistas pela Democracia - Os vídeos sobre o massacre de jovens em Paraisópolis devem ser vistos como aqueles  imponentes murais que costumam ser exibidos  nos melhores museus do planeta.

Empurrados para a morte por pisoteamento a golpes de cassete, bombas e gás, os gritos e movimentos de sofrimneto sem fim daquela massa humana dizem tudo o que é preciso saber sobre as tragédias do Brasil de nosso tempo.

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Forçados a matar-se uns aos outros por esmagamento, única forma de tentar escapar da própria morte, jovens pobres do país são conduzidos a um salve-se quem puder aonde nem todos perecem -- mas a rigor ninguém se salva. Nem os que tiveram a sorte de permanecer vivos.

Agora que ficou demonstrado que a principal herança do espetáculo da Lava Jato foi um país sem empregos, a economia destruída e  um Judiciário partidarizado, cabe reconhecer que neste fim de semana a periferia da maior cidade brasileira caminhou numa treva sem registro nos livros de história.

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Atravessamos a fronteira na qual a morte violenta de inocentes torna-se a grande moeda de troca da luta política. Pois era isso -- cadáveres -- que a PM sabia que iria encontrar quando foi para cima da juventude em Paraisópolis, encurralando centenas, quem sabe milhares, contra o muro e o asfalto de becos sem saída.

Em nova erosão do  Estado Democrático de Direito, os cadáveres empilhados de nove garotos -- 14 a 23 anos -- valem como troféus num morticínio em praça pública, sem julgamento e sem piedade, a certeza de impunidade absoluta.

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Houve uma época em que o Estado brasileiro  retirava garotos que residiam em abrigos de menores para executá-los na madrugada.

Agora, mata-se jovens que tentam ser jovens -- o que inclui se divertir, namorar, embrigar-se e cometer transgressões.

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Num torneio de morticínios, João Doria e Wilson Witzel, governadores dos mais influentes estados brasileiros, procuram abrir seu caminho no país de Jair Bolsonaro, de quem disputam a herança.

Não há a menor preocupação com a necessidade de cultura dos jovens pobres e pretos.

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Nem uma promessa -- fugidia que fosse -- de esperança de um destino melhor. Vivem largados, entre a pressão do tráfico e a falta de oportunidades reais na vida. Fora isso, nada. Apenas a morte.

Alguma dúvida?

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